Guardiola regride com o Manchester City, e o Manchester City regride com Guardiola

Um dos melhores treinadores do mundo, Pep Guardiola registrou nesta quarta (15) um dos maiores fracassos de sua carreira.
Contratado para conduzir um dos mais endinheirados clubes de futebol a voos mais altos (ou seja, a conquista da Europa), o espanhol amargou a eliminação nas oitavas de final da badalada Liga dos Campeões, o principal interclubes do velho continente.
Com a derrota por 3 a 1 para o francês Monaco, que atuou em casa, Guardiola, pela primeira vez em sua carreira de treinador da equipe principal de um clube, iniciada na temporada 2008/2009, não chegou pelo menos à semifinal da Champions League.
Eis o retrospecto dele:
- 2009 (Barcelona) – campeão, superando o Manchester United
- 2010 (Barcelona) – semifinal, eliminado pela Inter de Milão
- 2011 (Barcelona) – campeão, superando o Manchester United
- 2012 (Barcelona) – semifinal, eliminado pelo Chelsea
- 2013 – não disputou (ano sabático)
- 2014 (Bayern de Munique) – semifinal, eliminado pelo Real Madrid
- 2015 (Bayern de Munique) – semifinal, eliminado pelo Barcelona
- 2016 (Bayern de Munique) – semifinal, eliminado pelo Atlético de Madri
- 2017 (Manchester City) – oitavas de final, eliminado pelo Monaco
A queda é um duro golpe para o treinador de 46 anos, que terá sua filosofia de trabalho questionada – sempre acontece em casos de eliminação de algum figurão antes do esperado.
Alguém dirá, em relação ao estilo de manutenção da posse de bola: “Esse tiki-taka já era. Toquinho pra cá, toquinho pra lá, e ninguém chuta no gol”.
Outro alguém dirá, sobre estar em uma equipe “com menos camisa” que as anteriores: “Ganhar com o Barcelona é fácil, até eu”.
Eu digo: Guardiola continua a ser uma referência como técnico de futebol. Críticas fazem parte do ofício, mas ele tem um contrato de três anos e é adequado julgar sua passagem pelo Manchester City apenas depois do encerramento desse período.
Digo mais: o City caiu ante uma equipe muito jovem que tem jogado o fino da bola. Há talento de sobra, nas laterais e do meio para a frente, nesse Monaco que, comandado pelo português Leonardo Jardim, lidera o Campeonato Francês e avança às quartas de final da Champions League.
Os laterais, Sidibé (24 anos) e Mendy (22), apoiam o ataque com constância e consciência.
Volantes de boa estatura, Fabinho (23) e Bakayoko (22) são modernos: marcam com eficácia e atacam com desenvoltura – ambos fizeram gols, o segundo e o terceiro do time, na partida.
O habilidoso meia Bernardo Silva (22) é um dos motorzinhos da equipe – o outro, também habilidosíssimo, é Lemar (21). Os dois são canhotos e, precisos na bola parada e com visão de jogo privilegiada, têm facilidade para dar assistências.
O artilheiro Falcao Garcia (31) não atuou, contundido. Sua experiência, dessa vez, não fez falta. Quem jogou na frente e abriu o placar tem só 18 anos. Mbappé Lottin. Que já tinha feito um gol na partida de ida, na Inglaterra (5 a 3 para o City). Guarde o nome dele.

E digo ainda mais: depois de um primeiro tempo sofrível, no qual não ameaçou em um só momento a meta defendida por Subatic, o City de Guardiola melhorou no segundo tempo.
Fez um gol (Sané) e poderia ter saído do estádio Luís 2º com a vaga não fossem dois gols feitos desperdiçados por Kun Agüero.
Guardiola não entra em campo, não tem como fazer gols. Precisa que seus comandados, em especial o centroavante, convertam as oportunidades criadas.
No Barcelona, teve Messi. No Bayern, Lewandowski. No City, Guardiola deve estar lamentando a lesão de Gabriel Jesus. Agüero faz muitos gols, porém os perde também em altíssima quantidade.

Mas é fato que Guardiola regrediu com o Manchester City.
E é fato que também o City regrediu com ele.
Na temporada 2015/2016, sob a batuta do chileno Manuel Pellegrini, chegou à fase semifinal da Champions. Por pouco não disputou a finalíssima.
Nesta, ficou bem longe dela.
Em tempo: Com a eliminação na Champions League, Guardiola, para não ficar sem um título em uma temporada pela primeira vez, tem de levar o Manchester City à conquista da Copa da Inglaterra. A semifinal será contra o Arsenal, no dia 21 de abril. No Campeonato Inglês, o City está muitos pontos atrás do Chelsea (66 a 56) e, apesar de haver chance matemática, é muito improvável uma ultrapassagem na reta final.