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Guardiola regride com o Manchester City, e o Manchester City regride com Guardiola

Luís Curro
O treinador do Manchester City, Guardiola, desolado na partida em que a equipe foi eliminada da Champions League (Pascal Guyot – 15.mar.2017/AFP)

Um dos melhores treinadores do mundo, Pep Guardiola registrou nesta quarta (15) um dos maiores fracassos de sua carreira.

Contratado para conduzir um dos mais endinheirados clubes de futebol a voos mais altos (ou seja, a conquista da Europa), o espanhol amargou a eliminação nas oitavas de final da badalada Liga dos Campeões, o principal interclubes do velho continente.

Com a derrota por 3 a 1 para o francês Monaco, que atuou em casa, Guardiola, pela primeira vez em sua carreira de treinador da equipe principal de um clube, iniciada na temporada 2008/2009, não chegou pelo menos à semifinal da Champions League.

Eis o retrospecto dele:

  • 2009 (Barcelona) – campeão, superando o Manchester United
  • 2010 (Barcelona) – semifinal, eliminado pela Inter de Milão
  • 2011 (Barcelona) – campeão, superando o Manchester United
  • 2012 (Barcelona) – semifinal, eliminado pelo Chelsea
  • 2013 – não disputou (ano sabático)
  • 2014 (Bayern de Munique) – semifinal, eliminado pelo Real Madrid
  • 2015 (Bayern de Munique) – semifinal, eliminado pelo Barcelona
  • 2016 (Bayern de Munique) – semifinal, eliminado pelo Atlético de Madri
  • 2017 (Manchester City) – oitavas de final, eliminado pelo Monaco

A queda é um duro golpe para o treinador de 46 anos, que terá sua filosofia de trabalho questionada – sempre acontece em casos de eliminação de algum figurão antes do esperado.

Alguém dirá, em relação ao estilo de manutenção da posse de bola: “Esse tiki-taka já era. Toquinho pra cá, toquinho pra lá, e ninguém chuta no gol”.

Outro alguém dirá, sobre estar em uma equipe “com menos camisa” que as anteriores: “Ganhar com o Barcelona é fácil, até eu”.

Eu digo: Guardiola continua a ser uma referência como técnico de futebol. Críticas fazem parte do ofício, mas ele tem um contrato de três anos e é adequado julgar sua passagem pelo Manchester City apenas depois do encerramento desse período.

Digo mais: o City caiu ante uma equipe muito jovem que tem jogado o fino da bola. Há talento de sobra, nas laterais e do meio para a frente, nesse Monaco que, comandado pelo português Leonardo Jardim, lidera o Campeonato Francês e avança às quartas de final da Champions League.

Os laterais, Sidibé (24 anos) e Mendy (22), apoiam o ataque com constância e consciência.

Volantes de boa estatura, Fabinho (23) e Bakayoko (22) são modernos: marcam com eficácia e atacam com desenvoltura – ambos fizeram gols, o segundo e o terceiro do time, na partida.

O habilidoso meia Bernardo Silva (22) é um dos motorzinhos da equipe – o outro, também habilidosíssimo, é Lemar (21). Os dois são canhotos e, precisos na bola parada e com visão de jogo privilegiada, têm facilidade para dar assistências.

O artilheiro Falcao Garcia (31) não atuou, contundido. Sua experiência, dessa vez, não fez falta. Quem jogou na frente e abriu o placar tem só 18 anos. Mbappé Lottin. Que já tinha feito um gol na partida de ida, na Inglaterra (5 a 3 para o City). Guarde o nome dele.

O teenager Mbappe Lottin vibra ao fazer Monaco 1 x 0 Manchester City (Eric Gaillard – 15.mar.2017/Reuters)

E digo ainda mais: depois de um primeiro tempo sofrível, no qual não ameaçou em um só momento a meta defendida por Subatic, o City de Guardiola melhorou no segundo tempo.

Fez um gol (Sané) e poderia ter saído do estádio Luís 2º com a vaga não fossem dois gols feitos desperdiçados por Kun Agüero.

Guardiola não entra em campo, não tem como fazer gols. Precisa que seus comandados, em especial o centroavante, convertam as oportunidades criadas.

No Barcelona, teve Messi. No Bayern, Lewandowski. No City, Guardiola deve estar lamentando a lesão de Gabriel Jesus. Agüero faz muitos gols, porém os perde também em altíssima quantidade.

Agüero no gramado do estádio Luís 2º depois de perder um gol (Valery Hache – 15.mar.2017/AFP)

Mas é fato que Guardiola regrediu com o Manchester City.

E é fato que também o City regrediu com ele.

Na temporada 2015/2016, sob a batuta do chileno Manuel Pellegrini, chegou à fase semifinal da Champions. Por pouco não disputou a finalíssima.

Nesta, ficou bem longe dela.

Em tempo: Com a eliminação na Champions League, Guardiola, para não ficar sem um título em uma temporada pela primeira vez, tem de levar o Manchester City à conquista da Copa da Inglaterra. A semifinal será contra o Arsenal, no dia 21 de abril. No Campeonato Inglês, o City está muitos pontos atrás do Chelsea (66 a 56) e, apesar de haver chance matemática, é muito improvável uma ultrapassagem na reta final. 

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