Finalista da Sul-Americana, Chapecoense é chamada de “o maior Verdão do Brasil”
Qual o maior Verdão do Brasil?
Eu respondo, sem hesitar: o tradicionalíssimo Palmeiras, fundado em 1914.
A história mostra: são três títulos importantes internacionais (Copa Rio-1951, Libertadores-1999 e Copa Mercosul-1998) e 12 relevantes nacionais (quatro Campeonatos Brasileiros, três Copas do Brasil, duas Taças Brasil, dois Torneios Roberto Gomes Pedrosa e uma Copa dos Campeões), além de 22 taças do Campeonato Paulista.
Além disso, o Palmeiras está muito perto de conquistar mais um Campeonato Brasileiro: basta empatar neste domingo (27), na Allianz Arena, contra a Chapecoense… cujos torcedores não hesitam em chamar de “o maior Verdão do Brasil” – e parecem acreditar piamente nisso.
A razão? Já faz um tempo que a Chape, mais do que surpreender positivamente, tem feito bonito. Com recursos dezenas de vezes inferiores aos de quase todos os clubes da Série A, não só conseguiu se manter na elite do Brasileiro como tem se mostrado competitiva na América do Sul.
Em 2015, chegou às quartas de final da Copa Sul-Americana e endureceu diante do gigante argentino River Plate, então detentor dos títulos da Libertadores e da Sul-Americana: perdeu fora por 3 a 1 e ganhou na Arena Condá por 2 a 1.
Neste ano, não só ultrapassou as quartas de final, eliminando o colombiano Junior de Barranquilla e se tornando o primeiro time catarinense a alcançar a semifinal do segundo interclubes em importância no continente, como foi além.

Nesta quarta (23), na Arena Condá que recebeu 17.569 torcedores, segurou um 0 a 0 com outro forte e tradicional clube argentino, o San Lorenzo – time pelo qual torce o papa Francisco –, e, por ter empatado em Buenos Aires por 1 a 1, avançou para a final.
A classificação foi dramática. Aos 48 minutos do segundo tempo, o goleiro Danilo defendeu com o pé um chute de curta distância do lateral Angeleri.
Por ser um Davi que vive lutando com Golias atrás de Golias e se dando bem, a Chape vem ganhando centenas de simpatizantes Brasil afora.
Virou queridinha. Virou xodó. Virou “o segundo time de todo mundo” (aspas minhas).
Nas redes sociais, torcedores de grandes clubes expressam sua admiração e até empolgação com os feitos do clube catarinense fundado em 1973.
E que é a última esperança de o Brasileiro se alongar até a última rodada.
Para que isso aconteça, a Chape tem de superar o favoritíssimo Palmeiras e sua fanática torcida e o Santos, vice-líder, precisa fazer sua parte, derrotando o Flamengo no Rio.
O treinador da equipe do oeste catarinense, Caio Júnior, que já comandou o alviverde da capital paulista (em 2007), pediu mais consideração do adversário.
“Ouvi dizerem que o Palmeiras vai ser campeão em cima da Chapecoense, que será um jogo mais fácil. Não vai ser um jogo mais fácil, nós vamos buscar a vitória. Precisamos ser respeitados.”

Não há dúvida de que até o apito inicial do jogo, às 17h do domingo, todo o elenco e a direção do Palmeiras falarão bem da Chape, mesmo que no íntimo possam achar que o adversário seja um “verdinho” e não um “verdão”.
(Um parênteses: a Chapecoense, nona colocada na tabela do Brasileiro, quando veio a São Paulo neste Brasileiro, não perdeu nem de São Paulo nem de Corinthians – 2 a 2 e 1 a 1, respectivamente – e tem vantagem no retrospecto geral diante do Palmeiras: três vitórias, dois empates e duas derrotas, sendo que ambos os reveses foram longe de Santa Catarina.)
Quando a bola rolar, saberemos quem irá se impor. Se der Chapecoense – improvável, porém possível –, seus torcedores voltarão a bradar, esquecendo-se da história e enaltecendo o momento de glória: “A Chape é o maior Verdão do Brasil”.
Em tempo 1: O rival da Chapecoense na decisão da Copa Sul-Americana será Nacional de Medellín, da Colômbia, campeão da Libertadores deste ano, ou Cerro Porteño, do Paraguai, que duelam pela vaga nesta quinta (24) à noite. Se a Chape triunfar, estará na Libertadores de 2017.
Em tempo 2: E os outros grandes Verdões do país? O Guarani, campeão brasileiro em 1978, o Coritiba, campeão brasileiro em 1985, e o Goiás, maior campeão goiano (26 taças), estão mal. O primeiro, enquanto a arquirrival Ponte Preta faz boa campanha na elite, sagrou-se vice-campeão… da Série C; o segundo é o 14º colocado na Série A; e o terceiro, o 13º na Série B.