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Mística da barba de Messi acaba com derrota na decisão da Copa América Centenário

Luís Curro

Foi doído demais, de novo, para Messi e para seus fãs.

Esperava-se que em Argentina x Chile, a decisão da Copa América Centenário, nos EUA, o atual melhor jogador do mundo, que na semana passada se tornou o maior artilheiro da seleção principal de seu país (com 55 gols), pudesse derrubar uma incômoda escrita: nunca ter ganhado um título com essa mesma seleção.

De quebra, ajudaria a Argentina a encerrar um jejum de 23 anos sem uma conquista – a conta considera apenas a seleção principal, ou seja, o ouro olímpico de Pequim-2008 não entra nela.

Só que neste domingo (26) à noite em Nova Jérsei deu Chile, nos pênaltis, como na edição da Copa América de 2015, em Santiago, a capital chilena.

Messi não jogou bem na final, que não teve gols no tempo normal e na prorrogação, assim como todo o time da Argentina (Higuaín perdeu gol feito no primeiro tempo), e de quebra desperdiçou sua cobrança na disputa de pênaltis: à la Baggio em Brasil x Itália, na final da Copa do Mundo de 1994 (também nos EUA), mandou um petardo por cima do gol.

Não era dia de Messi. Desde o início, deu tudo errado para ele.

Antes do apito inicial, perdeu o cara ou coroa para escolher o lado do campo. Depois, perdeu a primeira dividida, errou o primeiro passe, foi travado no primeiro drible, isso tudo com menos de cinco minutos de jogo.

Em 120 minutos mais acréscimos, deu só três chutes a gol (dois de falta), nenhum com perigo.

Enfim, apesar de bem marcado (o que não é novidade, está acostumado), foi uma sombra do jogador que é, especialmente quando se esperava que brilhasse intensamente, para acabar com a fama de não jogar bem nos jogos decisivos com a camisa “albiceleste”.

A derrota de Messi e da Argentina para o Chile foi também uma derrota da crendice.

Para tentar mudar o cenário de infortúnios (antes do revés na Copa América do ano passado, havia fracassado na decisão da Copa do Mundo de 2014, no Brasil), Messi apostou em um novo visual, que acabou revelando um lado supersticioso dele até então desconhecido.

Ele atuou nos campos norte-americanos usando barba e bigode de um razoável volume, algo inédito em sua carreira.

Inicialmente, teria sido outra a razão de Messi ter deixado crescer a barba, de coloração ruiva.

O atacante Kun Agüero, amigo da “Pulga” (apelido de Messi), afirmou que ele queria “ficar na moda”, tendo inclusive sugerido a colegas que adotassem o visual supostamente moderno. O próprio Agüero aderiu.

Depois de Messi ter feito três gols contra o Panamá em menos de 20 minutos, ainda na primeira fase da competição, a barba se tornou uma espécie de amuleto. “Se a raspo, me matam”, disse o capitão da Argentina.

O “fator barba” falhou, e Messi poderá raspá-la agora, sem se sentir culpado. Ninguém o recriminará por voltar a ter a cara limpa, o visual antigo, se assim o desejar.

Ainda sobre culpa, falar que Messi foi culpado por essa derrota é discutível.

Considero culpa um exagero, pois Biglia também errou na disputa de pênaltis diante do Chile. Messi teve sua dose de responsabilidade, assim como o resto da equipe.

Mas, por ser o astro do time, Messi continuará a carregar o peso de não decidir pela seleção como decide pelo Barcelona. Mídia e torcedores serão implacáveis. Não duvido que o chamem de pé-frio.

Em meio a críticas, o craque terá de se resignar e esperar até 2018 para ter uma nova chance de obter o que o compatriota Diego Maradona tem como principal diferencial: uma Copa do Mundo.

Isso se voltar atrás em uma decisão surpreendente e radical, divulgada depois da partida contra os chilenos: arrasado com o fracasso, ele declarou que sua carreira na seleção estava encerrada.

Em tempo: O Chile, novamente algoz da Argentina, firma-se como uma força na América do Sul. Trocou de treinador de uma Copa América para outra (saiu Jorge Sampaoli, chegou Juan Antonio Pizzi) e manteve um futebol competitivo – enfiou 7 a 0 no México nas quartas de final e passou pela Colômbia por 2 a 0 na semifinal. Na final, não foi melhor que a Argentina com a bola rolando, mas teve o mérito de tirar os espaços de Messi e companhia, sendo recompensado nos pênaltis. O Chile, assim, junta-se a Argentina, Brasil e Uruguai como os países que têm bicampeonatos consecutivos na Copa América – os títulos de 2015 e 2016 são os únicos do Chile na história da centenária competição.  

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