Personagens do futebol questionam a capacidade do supertécnico Guardiola
Soube-se há pouco mais de um mês, antes do Natal, que o supertécnico Pep Guardiola, de 45 anos, deixará o Bayern de Munique ao término desta temporada.
Ele disse que busca um novo desafio, em um novo país, com “novos restaurantes” – revelando que gosta de comer fora de casa com frequência.
Indicou que o destino desejado é a Inglaterra, e desde então há muita especulação na mídia, sendo o Manchester City apontado como favorito para assinar com o badalado treinador espanhol, seguido pelo United, também de Manchester, e pelo Chelsea, de Londres.
Em breve deve haver uma definição que encerrará a especulação e a curiosidade geral.
Entretanto uma outra discussão veio à tona, com bem menos intensidade, nesse período: Guardiola é mesmo bom?
É verdade. A capacidade de Guardiola como treinador foi questionada por dois personagens, desconhecidos dos brasileiros e sem nenhuma relação um com o outro.
Primeiro, o cutucão veio de Dimitri Seluk, representante do meia marfinense Yaya Touré, um dos astros do Manchester City.
“Pep ganhou títulos com o Barcelona e com o Bayern”, disse o ucraniano ao jornal britânico “Daily Mirror”. “Até meu avô ganharia títulos com Barcelona e Bayern, pois são grandes clubes com grandes jogadores. Gostaria de ver Pep assumindo uma equipe que seja oitava ou nona colocada e fazê-la campeã.”
Seria como sugerir a Guardiola que trocasse o Bayern, líder com folga do Alemão, um time repleto de craques, pelo Mainz (oitavo colocado) ou pelo Colonia (nono), dois clubes sem nenhum jogador de renome mundial.
É muito provável que, caso seja confirmada a contratação de Guardiola, Yaya Touré, hoje com 32 anos, deixe o clube de camisa celeste mesmo antes do final de seu contrato. Na versão de Seluk, Guardiola foi o responsável pela saída de seu cliente do Barcelona, em 2010, e não teria o jogador em seus planos novamente.
A segunda estocada saiu de um alemão, Frank Wormuth. O coordenador técnico da Federação Alemã de Futebol foi ainda mais ácido que Seluk. “Guardiola é um treinador excelente, mas, com todo o respeito, só treinou times excelentes. Eu adoraria vê-lo em uma equipe da quinta divisão.”
Ele prosseguiu, em entrevista ao alemão “Süddeutsch Zeitung”: “Devemos chamar alguém que vive sob os holofotes da imprensa de ‘melhor treinador do mundo’? Há muitos treinadores que conseguem resultados excelentes com jogadores de qualidade inferior”.

Guardiola não foi confrontado com essas declarações, e nesta semana, ao voltar a falar sobre a saída da Alemanha, afirmou precisar de “novos inimigos” e de “novos desafios” para evoluir.
Não posso dizer que Selux e Wormuth são inimigos de Guardiola apenas por duvidarem de sua habilidade em se dar bem com uma equipe mais modesta, mas sem dúvida seria um desafio assumir um time com um elenco menos qualificado que o de Bayern, Barcelona ou qualquer grande inglês.
Será que suas formações táticas e capacidade motivacional seriam suficientes para transformar um grupo comum em um time campeão?
Para Douglas Costa, da seleção brasileira, que está sob as ordens do espanhol desde a metade de 2015, quando chegou ao clube bávaro, possivelmente sim, já que para ele Guardiola é “um gênio”.
“Posso aprender com ele em uma hora mais do que com outros em um ano”, disse o atacante. “Ele não leva você para um nível mais alto apenas dentro do campo, mas também dentro da sua cabeça.”
A verdade é que Pep já “começou por cima” – como começa agora Zinédine Zidane no Real Madrid. Saiu do Barcelona B, onde ficou em 2007 e 2008, direto para o Barcelona A. Sempre teve um elenco altamente gabaritado, com Messi à frente, e logicamente teve o mérito de fazê-lo funcionar e ganhar troféus – foram 17 de 2008 a 2012.
No Bayern, onde está desde 2013, são cinco títulos, ou seja, de novo mostrou competência. E de novo não lhe faltaram ou faltam jogadores de primeira linha, mas lhe falta com o clube alemão a cobiçadíssima Champions League, na qual ainda está na disputa – encara em fevereiro, nas oitavas de final, a italiana Juventus.
Como Guardiola deve continuar em um supertime, e é muitíssimo improvável que um dia aceite não comandar um supertime, não será possível saber se dar-se-ia bem em um clube médio ou pequeno, como propuseram as duas figuras laterais do mundo da bola.