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Técnico recompensa líder do Inglês com pizza e cerveja

Luís Curro

Um time que usa uniforme azul-escuro lidera o Campeonato Inglês após 13 de 38 rodadas rodadas, com 28 pontos (8 vitórias, 4 empates, 1 derrota). Qual é?

Quem conhece as cores dos clubes da terra da Rainha, porém não está inteirado do que se passa na temporada 2015-2016, responde sem pestanejar: o Chelsea.

E erra.

A equipe londrina comandada pelo treinador português José Mourinho, atual campeã da Premier League, teve um péssimo início e flertou com a zona de rebaixamento. Atualmente, ocupa a pouco honrosa 15ª colocação na tabela, com 14 pontos.

Ok, então a outra opção possível, apesar de não muito provável, é o Everton, a segunda força de Liverpool, a terra dos Beatles, cujos jogadores também se vestem com esse tom de azul.

Novo erro.

O Everton está em sétimo lugar, posição na qual geralmente costuma estar (ou em sexto, ou em oitavo, nessa faixa, quase nunca melhor, quase nunca muito pior). Tem 20 pontos.

O líder, surpresa geral, é o pequeno Leicester, clube que lutou bravamente na temporada anterior para conseguir escapar do rebaixamento.

Jogadores do Leicester celebram gol na vitória sobre o Newcastle (Scott Heppell - 21.nov.2015/Associated Press)
Jogadores do Leicester celebram gol na vitória sobre o Newcastle (Scott Heppell – 21.nov.2015/Associated Press)

Sempre quando algum time fora do rol dos favoritos (que na Inglaterra costumam ser Manchester United, Manchester City, Chelsea, Arsenal e Liverpool) desponta, pergunta-se por quê.

No caso do Leicester, é difícil achar uma explicação consistente, definidora. O time não tem grandes craques e seu treinador, Claudio Ranieri, de 64 anos, que chegou ao clube para esta temporada, não é badalado.

A força da equipe está no conjunto, já que o time titular foi pouco modificado em relação ao de 2014-2015, e na fase estupenda de Jamie Vardy, o artilheiro da Premier, com 13 gols – média, ótima, de um por jogo.

O esquema tático, esse foi mexido. O inglês Nigel Pearson encerrou o campeonato escalando o Leicester no 3-5-2, com Schmeichel; Wasilewski, Huth e Morgan; De Laet (Albrighton), Cambiasso, Mahrez (Drinkwater), King e Schlupp; Ulloa (Nugent) e Vardy.

O italiano Ranieri adotou o 4-4-2, com a seguinte base: Schmeichel; Simpson, Huth, Morgan e Fuchs; Albrighton, Kanté, Drinkwater e Mahrez (Schlupp); Okazaki (Ulloa) e Vardy.

A única perda significativa foi o veterano argentino Cambiasso, de 35 anos, que sabe jogar (defendeu por anos a Inter de Milão e hoje está no Olympiakos), mas o francês Kanté, de 24 anos, tem feito muito bem o papel de um dos volantes.

A defesa não tem sido o ponto forte (já sofreu 20 gols), porém o ataque tem compensado (28 gols, mais de 2 por partida, em média). O argelino Mahrez, como Vardy, atravessa ótima fase, tendo marcado 7 gols mesmo nem sempre começando como titular, além de já ter dado 6 assistências, a segunda melhor marca da Premier, atrás da do alemão Özil, do Arsenal (11).

Ranieri, além de conseguir armar decentemente o Leicester, mostra-se um motivador de qualidade, sendo elogiado pelo goleiro Kasper Schmeichel.

“Ele (Ranieri) é capaz de falar a língua de cada jogador, e isso faz a diferença”, afirmou o filho de Peter Schmeichel, arqueiro titular do Manchester United na década de 1990 e da seleção dinamarquesa eliminada pelo Brasil nas quartas de final da Copa da França-1998 em um jogo muito disputado (3 a 2).

O treinador Claudio Ranieri festeja o trounfo sobre o Crystal Palace (Andrew Boyers  - 24.out.2015/Reuters)
O treinador Claudio Ranieri festeja o triunfo sobre o Crystal Palace (Andrew Boyers – 24.out.2015/Reuters)

Não só no papo o italiano mostra ser diferente.

Como recompensa nas partidas em que o Leicester não toma gol, a pizza (prato típico da Itália), em um restaurante da cidade que fica no centro da Inglaterra, é por conta do chefe.

Eis as palavras de Ranieri para justificar a escolha pela redonda como prêmio: “O que estamos fazendo aqui (no time) é como fazer uma pizza. É preciso ter os ingredientes certos: primeiro, espírito de grupo; segundo, ser intenso nos treinos; para completar, uma pitada de sorte. E os torcedores são o tomate. Sem tomate não há pizza”.

No último jogo, uma convincente vitória por 3 a 0 sobre o Newcastle, fora de casa, o treinador foi além no agrado.

Na viagem de volta, de ônibus, distribuiu cerveja aos pupilos. (Sabe-se que no Reino Unido o “segundo esporte” dos futebolistas é tomar cerveja; que é possivelmente o “primeiro esporte” da população masculina.)

Em recentes entrevistas, treinadores de renome comentaram o momento do Leicester.

Arsène Wenger, o francês que desde 1996 treina o Arsenal, declarou que não se pode descartar o azarão na disputa pelo título.

Mourinho não falou abertamente, mas o bom entendedor conclui que ele considera o Leicester um cavalo paraguaio. O português disse não ver chance alguma de o Leicester ser campeão inglês.

Nem eu.

Nem Ranieri. “Agradeço a Arsène, mas ele é um piadista. Nossa meta (na temporada) é fazer 40 pontos.”

Modéstia é bom, mas nem tanto. Nesse ritmo, essa marca será superada com facilidade. Até porque fazer 40 pontos é piorar em relação a 2014-2015, quando o Leicester somou 41 pontos e terminou a Premier em 14º lugar.

Vardy e Mahrez (atrás) na revista do Leicester City feita para o jogo contra o Manchester United (Reprodução/Site do Leicester City FC)
Vardy e Mahrez (atrás) na revista do Leicester City feita para o jogo contra o Manchester United (Reprodução/Site do Leicester City FC)

Em tempo: Um teste real para o Leicester ocorre neste sábado (24), quando a equipe recebe o vice-líder Manchester United (27 pontos) no estádio King Power. A ESPN Brasil transmite a partida, às 15h30 (de Brasília). Missão impossível? Nada disso. Na mesma arena, no dia 21 de setembro de 2014, o time de azul-escuro superou o de vermelho por 5 a 3 – um gol foi de Vardy.

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