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Ricardo Oliveira, 35, desafiará idade por Copa-2018

Luís Curro

Se vale aquela máxima, “futebol é momento”, eis uma justiça feita: Ricardo Oliveira, o artilheiro do Campeonato Brasileiro, convocado para a seleção brasileira. Ponto para Dunga.

Não há brasileiro, centroavante de ofício, no Brasil ou no mundo (nas principais ligas), jogando mais bola atualmente que o camisa 9 do Santos, que balançou as redes 17 vezes em 27 rodadas – esteve em campo em 26 partidas.

Ele já tinha sido o artilheiro do Paulista deste ano, com 11 gols em 18 jogos.

Eu sou suspeito para comentar porque sou fã de Ricardo Oliveira há muito tempo: é inteligente, posiciona-se muito bem em campo, sabe fazer o pivô, não é fominha, chuta com eficiência com os dois pés, é bom cabeceador, sabe driblar, tem bom passe, é disciplinado. E é muito eficiente na frente do gol.

Em suma: praticamente um atacante completo.

E percebe-se que tem espírito de grupo. O exemplo mais recente ocorreu no jogo de quarta (23), pela Copa do Brasil, contra o Figueirense. Principal cobrador de pênaltis do Santos (é verdade que desperdiçou alguns recentemente), permitiu que Gabriel, que tinha tido dois gols anulados por impedimento, cobrasse.

Ricardo Oliveira substituirá na seleção o contundido Roberto Firmino ( Ivan Storti - 23.mai.2015/SantosFC)
Ricardo Oliveira substituirá na seleção o contundido Roberto Firmino (Ivan Storti – 23.mai.2015/SantosFC)

Seria muito bacana se Ricardo Oliveira conseguisse se firmar na seleção e ter fôlego para chegar à Copa-2018.

A idade pesa contra, é um tabu. Ele terá 38 anos à época do Mundial na Rússia.

Até hoje, nas 20 Copas do Mundo realizadas, a idade máxima do principal homem de área brasileiro foi 30 anos – Fred, em 2014.

Confira a lista:

Uruguai-1930: Araken, 24 anos

Itália-1934: Leônidas, 20 anos

França-1938: Leônidas, 24 anos

Brasil-1950: Ademir, 27 anos

Suíça-1954: Baltazar, 28 anos

Suécia-1958: Vavá, 23 anos

Chile-1962: Vavá, 27 anos

Inglaterra-1966: Alcindo, 21 anos

México-1970: Tostão, 23 anos

Alemanha-1974: Leivinha, 24 anos

Argentina-1978: Reinaldo, 21 anos, depois Roberto Dinamite, 24 anos

Espanha-1982: Serginho, 28 anos

México-1986: Careca, 25 anos

Itália-1990: Careca, 29 anos

EUA-1994: Romário, 28 anos

França-1998: Ronaldo, 21 anos

Coreia/Japão-2002: Ronaldo, 25 anos

Alemanha-2006: Ronaldo, 29 anos

África do Sul-2010: Luis Fabiano, 29 anos

Brasil-2014: Fred, 30 anos

Mesmo com 35 anos, Ricardo Oliveira teve pouquíssimas oportunidades de vestir a camisa canarinho.

Em levantamento não oficial que tenho, jogou um total de seis vezes pelo Brasil, em 2004 e 2005. Nunca foi titular e fez um único gol, na Copa América do Peru, em 2004, o último da goleada por 4 a 0 no México – Adriano Imperador foi o destaque daquela partida.

“Quero agradecer à comissão técnica da seleção pela oportunidade e espero corresponder à altura”, declarou Ricardo Oliveira à Santos TV depois de saber da convocação.

Terá chance de exibir sua ótima fase? Tomara. Mas é sabido que chegará como reserva ao elenco de Dunga.

O treinador escalou Hulk, 29 anos, de centroavante nos amistosos deste mês, contra Costa Rica e EUA, e deu certo. É previsível e lógico que o mantenha no comando do ataque.

Os dois escalados juntos, de início, é possível, mas improvável.

Mas, mesmo que não comece jogando, Ricardo Oliveira é boa opção de banco. Pode dar ao treinador alternativas durante as partidas contra Chile e Venezuela pelas eliminatórias, nos dias 8 e 13 de outubro, respectivamente.

Por exemplo, se não quiser tirar Hulk nem mudar a formação tática, Dunga pode sacar um dos “pontas” (imagino que Willian comece jogando pela direita e Douglas Costa pela esquerda, sempre lembrando que Neymar, suspenso, está fora) e colocar o atacante do Zenit por um dos lados. Hulk pode render bem especialmente pela direita, cortando para o meio e disparando suas bombas de canhota para o gol.

Caso Ricardo Oliveira jogue e faça gol(s), ganha crédito para retornar em futuras convocações. Só que Neymar vai voltar, então alguém perderá a vaga – deve sobrar para Lucas (PSG), Philippe Coutinho (Liverpool) ou Renato Augusto (Corinthians).

Em tempo: E para o lugar do lateral direito Rafinha, do Bayern, que pediu dispensa na terça (22), em decisão surpreendente? Dunga está demorando para anunciar o substituto. Neste momento, entre os convocados, a seleção só tem uma opção para a posição: Fabinho, do Monaco. Há quem aposte que Lucas, do Palmeiras, será chamado.

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