Jordânia quer provas de que goleira da seleção do Irã é mulher
Um mês e meio depois de sua seleção perder disputa de pênaltis para a do Irã e falhar em obter a vaga para a Copa da Ásia feminina, a Associação de Futebol da Jordânia (AFJ) decidiu tentar mudar o resultado no tapetão.
Em carta enviada à Confederação Asiática de Futebol (CAF), datada do dia 5 deste mês, o dirigente jordaniano Samar Nassar solicita um inquérito para que seja averiguado se a goleira iraniana Zohreh Koudaei é uma mulher.
Ele pede à confederação que inicie “uma investigação clara e transparente por uma equipe médica independente” a fim de apurar “a elegibilidade da atleta em questão e de outras do time, particularmente porque o Irã tem um histórico de questões relacionadas a gênero e a doping”.
Nassar fez essa acusação sem, no documento, mencionar algum caso em que o Irã tenha burlado as regras para trapacear esportivamente.
O movimento recebeu o endosso do presidente da AFJ, príncipe Ali bin Al-Hussein, que é um dos vice-presidentes da Fifa, a entidade máxima do futebol.
Em um post cinco dias atrás, ele tuitou que, “se verdadeiro, é um assunto muito sério”. E instou a CAF a “acordar”.
Na partida de 25 de setembro, em Tashkent (Uzbequistão), que abrigou um triangular com Jordânia, Irã e Bangladesh, valendo uma vaga na Copa da Ásia, jordanianas e iranianas empataram sem gols.
Como ambas tinham goleado Bangladesh por 5 a 0, a decisão foi para os pênaltis. O Irã ganhou por 4 a 2, e Zohreh defendeu duas cobranças.
A atitude da AFJ parece coisa de perdedor. Antes do confronto, não reclamou de nada. E, se a sua seleção tivesse vencido, não teria feito nenhuma solicitação relacionada à goleira adversária. A derrota deflagrou a desconfiança.
A CAF não foi clara ao ser questionada se levará o caso adiante. Por meio de um porta-voz, disse que a confederação “não comenta a respeito de investigações ou processos em andamento”.
Maryam Azmoon, técnica do Irã, declarou ao site esportivo iraniano Varzesh3 que o departamento médico da equipe “examinou cuidadosamente cada jogadora” em relação a questões hormonais “para evitar qualquer problema, então posso dizer aos torcedores que fiquem tranquilos”.
Alvo das suspeitas, Zohreh recebeu com indignação a acusação. “Sou uma mulher. A Jordânia está fazendo bullying.” A guarda-metas de 32 anos afirmou que processará a AFJ.
A classificação iraniana foi histórica. Se não houver revertério, será a primeira vez que a seleção feminina do país participará de uma Copa da Ásia.
A 20ª edição da competição será na Índia, em janeiro e fevereiro de 2022, e terá 12 participantes.
O atual campeão é o Japão, que triunfou na edição na Jordânia, em 2018, e a seleção que mais venceu é a chinesa, com oito títulos.