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Futebol romeno se engaja em campanha por adoção de cachorros

Faz muitos anos que a Romênia, e em especial sua capital, Bucareste, convive com a questão do excesso de cães nas ruas. Sem lar e sem dono, eles vivem em situação de penúria.

Para tentar ajudar a mudar esse quadro, a Liga Profissional de Futebol da Romênia decidiu participar da campanha “Preencha a lacuna em sua vida”, idealizada por um abrigo público de animais, que incentiva as pessoas a adotarem um pet.

O primeiro ato ocorreu na partida entre duas equipes de Bucareste, duas semanas atrás. Os atletas do Dinamo, que atuaria como visitante diante do Steaua, entraram em campo cada um com um cachorro no colo.

Para facilitar a identificação no site do abrigo pela pessoa interessada em ter um novo amigo em sua vida, cada cão levado por um jogador usava um crachá e um lenço diferente.

A superpopulação de cães na Romênia é um reflexo da gestão comunista do ditador Nicolae Ceausescu, que governou o país do leste europeu de 1974 a 1989, ano de sua morte.

Nesse período, romenos tiveram suas casas e terras confiscadas e mudaram-se compulsoriamente para conjuntos habitacionais. Nesse processo, deixaram seus cães para trás –o governo não permitia a presença deles nas moradias.

Soltos pelo país, eles se reproduziram sem controle por anos, o que resultou em milhares de vira-latas espalhados pelas cidades.

Com o passar do tempo, os cachorros passaram a se reunir em bandos, e parte da população começou a ficar assustada com a presença deles –mesmo sendo a minoria, alguns grupos avançavam nos humanos.

A reação das pessoas, amedrontadas e temerosas, veio por meio de violência. Autoridades passaram a incentivar o morticínio dos cães, que eram envenenados, queimados, capturados e abandonados em canis, entre outras formas de violência seguida de morte.

Os ataques aos cães se intensificaram depois que, em 2013, um garoto de quatro anos que se perdeu da mãe morreu depois de um ataque de uma matilha nas proximidades do parque Tei, em Bucareste.

Na esteira dessa ocorrência, autoridades aprovaram rapidamente uma lei que permitia a eutanásia dos cachorros, e em 2015 mais de 25 mil foram submetidos a essa conduta.

Nesse cenário de sacrifício dos cães, organizações de proteção dos animais intensificaram os movimentos para fundar abrigos para os animais –nos quais eles são esterilizados– e para incentivar a adoção deles, além de realizar campanhas de vacinação.

O dérbi Steaua x Dinamo foi um primeiro passo para ajudar a cumprir o objetivo da adoção.

Pelo menos 11 cachorros, todos devidamente castrados e vacinados, conseguiram deixar as ruas depois da ação feita nessa partida, vencida por 6 a 0 pelo Steaua.

Em tempo: Investigações posteriores concluíram que o menino que morreu em Bucareste foi vítima de cachorros que faziam a segurança de propriedade privada que ficava ao lado do parque, e não de um agrupamento de vira-latas sem dono.

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