Largada de Crespo no São Paulo encabeça as de técnicos renomados
Há alguns dias o repórter Bruno Rodrigues, desta Folha, publicou uma análise acerca do início do trabalho do técnico argentino Hernán Crespo no São Paulo.
Crespo estava para completar sua décima partida à frente da equipe tricolor, que vinha assimilando surpreendentemente bem suas ideias e tendo resultados muito positivos em campo.
Pois nesse décimo jogo, contra o Santo André, pelo Campeonato Paulista, o São Paulo ganhou mais uma, fazendo com que Crespo somasse oito vitórias, um empate e uma derrota.
Um começo para lá de promissor, o que me fez pensar e questionar: na comparação com outros técnicos, sempre considerando as dez primeiras apresentações, Crespo está em que patamar?
A resposta: em um patamar de excelência. O desempenho dele não é superado por nenhum dos treinadores que considerei na minha pesquisa.
Foram incluídos os comandantes de maior renome hoje no futebol, em seus atuais clubes, a saber: o espanhol Pep Guardiola (Manchester City), os alemães Jürgen Klopp (Liverpool), Thomas Tuchel (Chelsea) e Hans-Dieter Flick (Bayern), os argentinos Diego Simeone (Atlético de Madrid) e Mauricio Pochettino (Paris Saint-Germain), o holandês Ronald Koeman (Barcelona) e o francês Zinédine Zidane (Real Madrid).
E também os técnicos que dirigem sete dos times de maior destaque no Brasil, nos principais centros estaduais da bola: Corinthians (Vagner Mancini), Palmeiras (Abel Ferreira), Botafogo (Marcelo Chamusca), Flamengo (Rogério Ceni), Fluminense (Roger Machado), Vasco (Marcelo Cabo) e Cruzeiro (Felipe Conceição).
Eu pretendia adicionar Miguel Ángel Ramírez (Internacional), Tiago Nunes (Grêmio) e Cuca (Atlético-MG), além do interino Marcelo Fernandes (Santos), mas nenhum deles completou dez partidas com seus respectivos clubes. Aliás, Nunes, recém-contratado, e Fernandes só mostraram serviço em um jogo até agora.
Dentre os mencionados, Pochettino, que tem à sua disposição no PSG o principal jogador do Brasil na atualidade (Neymar), igualou-se a Crespo na “largada”. Os demais registraram desempenho inferior –uns mais, outros menos.

Eis o ranking (entre parênteses, o ano da estreia no clube –no caso de Zidane, da reestreia):
- Crespo (2021) e Pochettino (2021): 8 vitórias, 1 empate, 1 derrota
- Flick (2019): 8 vitórias e 2 derrotas
- Tuchel (2021): 7 vitórias e 3 empates
- Abel (2020) e Roger (2021): 7 vitórias, 2 empates, 1 derrota
- Guardiola (2016) e Koeman (2020): 7 vitórias, 1 empate e 2 derrotas
- Klopp (2015): 6 vitórias, 3 empates e 1 derrota
- Simeone (2012): 5 vitórias, 4 empates e 1 derrota
- Conceição (2021): 5 vitórias, 3 empates e 2 derrotas
- Cabo (2021): 4 vitórias e 6 empates
- Zidane (2019): 5 vitórias, 2 empates e 3 derrotas
- Ceni (2020): 4 vitórias, 4 empates e 2 derrotas
- Mancini (2020): 4 vitórias, 3 empates e 3 derrotas
- Chamusca (2021): 3 vitórias, 5 empates e 1 derrota
O leitor pode questionar: por que Crespo e Pochettino, com uma derrota cada um, ficam à frente de Tuchel, que não perdeu nos dez jogos iniciais?
Porque, caso se considere três pontos por vitória e um por empate, como é praxe no futebol, os dois primeiros levam vantagem, com 25 pontos contra 24.
E como no futebol o primeiro critério usualmente utilizado para desempate, caso a pontuação seja a mesma, é a quantidade de vitórias, Flick figura acima de Tuchel, e Conceição à frente de Cabo.

Em tempo: Não considerei nesse levantamento os treinadores de seleções. Como curiosidade, Tite, se concorresse, seria o campeão nessa disputa, pois, nos dez primeiros jogos com a seleção brasileira (assumiu em 2016), ganhou nove e perdeu um, um amistoso para a Argentina.