Dominante, ‘Coronavírus FC’ deixa macambúzio o mundo do futebol
A pandemia que abala o planeta traz, dia a dia, notícias desanimadoras para o esporte.
Focando apenas no futebol, ligas e mais ligas, dia após dia, decidem – corretamente, que seja enfatizado – adiar as partidas, a fim de tentar conter a expansão da patologia.
Não há mais campeonato de destaque em andamento. Nada de Champions League, Libertadores, Inglês, Italiano, Alemão ou Espanhol.
Um certo Coronavírus FC, que ninguém imaginava existir, está dominando qualquer adversário, ganhando de goleada, mostrando-se inclemente, irrefreável, implacável.
O mundo agora é de fronteiras fechadas e de quarentenas. Isolamento.
No fim de semana que passou, senti-me triste, vi-me cabisbaixo, estive macambúzio. Ainda estou. E certamente não sou só eu nesse estado, mas todos que apreciam o futebol.
Na TV, sempre repleta de jogos ao vivo de campeonatos internacionais, muitos deles interessantes, havia reprises. Nada mais chato no futebol do que reprise, e pior ainda se o resultado já é sabido. Pra chorar.
Meio que deprimido, assisti a apenas um jogo (em tempo real), e de um campeonato daqui mesmo, São Paulo 2 x 1 Santos, pelo Paulista, no Morumbi vazio, fechado ao público (outra tristeza as partidas sem torcida).
Tiveram boas atuações o uruguaio Carlos Sánchez, do lado santista, e o equatoriano Arboleda, do lado são-paulino. O venezuelano Soteldo (Santos) e o espanhol Juanfran (São Paulo) foram apenas regulares. Mas… isso tem alguma importância?
Chega a ser assustador o ritmo de propagação do vírus. Eu acreditava que haveria casos isolados fora da China, onde tudo começou, porém essa crença não passou de uma esperança que muito rápido se esvaiu.
Apareceu um jogador aqui, outro acolá, mais um, outro mais, e repentinamente já são dezenas de infectados. Alguns poucos com sintomas; a grande maioria, assintomática.
E a situação, infelizmente, tende a piorar nos próximos dias e semanas.
Acabo de tomar conhecimento de que no Valencia, clube da primeira divisão espanhola, 35% das pessoas envolvidas com o futebol (jogadores, dirigentes, comissão técnica, funcionários) testaram positivo para o coronavírus.
Ou seja, de cada dez, pelo menos três foram afetados pela pandemia. Não é pouco. Deixou de ser exceção ter o vírus, há sério risco de se tornar regra.
No Reino Unido, o médico Patrick Vallance, a principal autoridade científica, disse que o coronavírus pode atingir 60% da população de 66,4 milhões.
Caso essa porcentagem seja a mesma no futebol, e não há por que não ser, 300 futebolistas, somente na divisão de elite da Inglaterra (Premier League), serão infectados.
Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel declarou que dois terços dos alemães, ou mais de 55 milhões de pessoas (o equivalente à população, somada, de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Sergipe), vão ser afetados pelo coronavírus.
COMUNICADO OFICIAL ⤵️
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— Valencia CF (@valenciacf) March 16, 2020
Voltando ao Valencia, é provável que o contágio tenha ocorrido durante a viagem e estadia da delegação na Itália, epicentro da pandemia na Europa, onde a equipe enfrentou o Atalanta, em Bergamo, com mais de 44 mil torcedores no estádio.
O jogo, pela Champions League, no dia 19 de fevereiro, aconteceu antes de o governo italiano impor restrições aos eventos esportivos no país, que depois se tornaram proibições.
“Todos os casos são assintomáticos, e os envolvidos estão isolados em suas casas, tendo acompanhamento médico e seguindo uma programação de treinos”, disse o Valencia em comunicado.
Entre os jogadores com o coronavírus estão os zagueiros Garay, titular da Argentina vice-campeã na Copa do Mundo de 2014, e Mangala, que defendeu a França na Eurocopa de 2016.
A pandemia já deixou cerca de 7.000 mortos e há mais de 175 mil infectados, de acordo com a agência de notícias AFP, em 145 países ou territórios.