Champions League terá jogo com portões fechados devido ao coronavírus

O governo da Espanha anunciou nesta terça (3) que Valencia x Atalanta, pela Liga dos Campeões da Europa, daqui a seis dias, será disputado com portões fechados no estádio Mestalla, que tem capacidade para 55 mil pessoas.

A razão é o avanço do coronavírus, que traz o medo de contágio de todos os envolvidos no evento, dos jogadores aos torcedores, passando por dirigentes, funcionários, repórteres.

A cidade de Bergamo, sede do Atalanta, fica na Lombardia, epicentro da epidemia do vírus na Itália.

A partida do dia 10 será a de volta das oitavas de final da Champions League. Na de ida, no dia 19 de fevereiro, no estádio Giuseppe Meazza, em Milão, o Atalanta surpreendeu e goleou por 4 a 1.

Relatos dão conta de que um jornalista espanhol presente nesse jogo contraiu o coronavírus durante a viagem.

Torcida do Atalanta enche as arquibancadas do estádio Giuseppe Meazza, em Milão; no jogo de volta contra o Valencia, na Espanha, eles não poderão estar no estádio (Miguel Medina – 19.fev.2020/AFP)

Não será a primeira vez que o mais badalado interclubes de futebol do planeta realizará um confronto sem a presença de torcedores.

Mas, das outras vezes, a razão foi punição por mau comportamento da torcida, e não por prevenção contra uma doença.

Ocorreu em setembro de 1982, quando o inglês Aston Villa recebeu o Besiktas, da Turquia, no Villa Park vazio e ganhou por 3 a 1.

Na edição anterior da Champions (chamada à época de Copa Europeia), torcedores da equipe inglesa tinham causado tumulto em uma partida contra o Anderlecht, na Bélgica.

Ocorreu também em outubro de 2014, em Moscou, quando o CSKA encarou o Manchester City na Arena Khimki.

A Uefa, entidade que comanda o futebol na Europa, estabeleceu a sanção ao clube russo devido ao comportamento racista de seus torcedores em jogos anteriores.

No 2 a 2, todavia, jornalistas ingleses relataram que dezenas de fãs do time mandante entraram no estádio e cantaram, e vibraram, e empurraram o CSKA sem que os delegados da Uefa ali presentes tomassem providência.

Jogadores do CSKA (de camisas listradas) e do inglês Manchester City fazem campanha contra o racismo antes de jogarem em Moscou, com portões fechados, na Champions League de 2014/2015 (Yuri Kadobnov – 21.out.2014/AFP)

Por razão de vigilância sanitária, há um caso conhecido no futebol no qual partidas de um campeonato nacional foram realizadas com portões fechados.

Aconteceu no México, em maio de 2009, quando 176 jogos, da primeira, da segunda e da terceira divisões, não receberam torcedores, em uma tentativa de conter a expansão do surto de gripe suína, causada pelo vírus H1N1, que resultou em mais de mil mortes no país.

Além de Valencia x Atalanta, está em estudo a possibilidade de outros duelos da Champions serem realizados sem torcida, casos de Paris Saint-Germain x Borussia Dortmund, na França (dia 11), Juventus x Lyon, na Itália (dia 17), e Barcelona x Napoli, na Espanha (dia 18).

A Liga Europa, segundo torneio em importância no velho continente, também fará pelo menos um jogo com portões fechados: Inter de Milão x Getafe, na Itália (dia 12).

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Em tempo: Com Valencia x Atalanta fechado ao público, torcedores perderão a oportunidade de ver “in loco” uma das equipes do momento, a italiana, que angariou fama nesta temporada por aplicar várias goleadas. Além da já mencionada ante o time valenciano, em ordem cronológica: 7 a 1 na Udinese, 5 a 0 no Milan, 5 a 0 no Parma, 7 a 0 no Torino e 7 a 2 no Lecce. Tem brasileiro lá? Sim, um, que é zagueiro: Rafael Tolói, ex-Goiás e São Paulo.