Tite ganha quase sete vezes mais que o treinador da Argentina

Como as maiores potências da América do Sul nas últimas quatro décadas, e donos da maior rivalidade no continente, indica a lógica que Brasil e Argentina devem remunerar com os maiores salários seus treinadores.

Neste momento, contudo, a lógica não prevalece. Não por completo.

Cinco vezes campeão do mundo (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002) e outras nove da Copa América, o Brasil tem, sim, o treinador mais bem pago entre os dez que disputarão as eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar, a partir de março.

De acordo com o L’Équipe, principal jornal esportivo da França, Tite, que comanda a seleção brasileira desde a metade de 2016, ganha por mês da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)  325 mil (R$ 1,54 milhão).

Na outra ponta do ranking, na nona colocação das remunerações, está justamente o treinador da Argentina, país duas vezes campeão mundial (1978 e 1986), além de vice em 1930, 1990 e 2014, e 14 vezes vencedor da Copa América.

Lionel Scaloni, que assumiu a seleção alviceleste em 2018, primeiro interinamente e depois efetivamente, recebe por mês 42 mil (R$ 199 mil) da Associação de Futebol Argentino (AFA).

Eis o ranking do L’Équipe, em euros ( 1 = R$ 4,74), que não inclui o técnico da Venezuela, o português de 59 anos José Peseiro, contratado no último dia 4.

O técnico Tite, da seleção brasileira, sorri em entrevista coletiva em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, onde a equipe disputou amistoso em novembro (Pedro Martins – 18.nov.2019/MowaPress)
  1. Tite (Brasil, brasileiro, 58 anos, desde 2016): 325 mil por mês
  2. Ricardo Gareca (Peru, argentino, 62 anos, desde 2015): 308 mil por mês
  3. Reinaldo Rueda (Chile, colombiano, 62 anos, desde 2018): 292 mil por mês
  4. Óscar Tabárez (Uruguai, uruguaio, 72 anos, desde 2006): 267 mil por mês
  5. Carlos Queiroz (Colômbia, português, 66 anos, desde 2019): 250 mil por mês
  6. Eduardo Berizzo (Paraguai, argentino, 50 anos, desde 2019): 217 mil por mês
  7. Jordi Cruyff (Equador, holandês, 46 anos, desde 2020): 150 mil por mês
  8. César Farias (Bolívia, venezuelano, 46 anos, desde 2018): 75 mil por mês
  9. Lionel Scaloni (Argentina, argentino, 41 anos, desde 2018): 42 mil por mês
Lionel Scaloni durante amistoso da Argentina contra a Guatemala em Los Angeles (Harry How – 7.set.2018/AFP)

O salário de Tite é quase sete vezes superior ao do colega Scaloni.

Tamanha disparidade faz sentido?

É complicado chegar a uma conclusão, pois cada federação nacional tem seus critérios para definir o quanto deve pagar ao treinador da seleção.

Cada entidade tem também seus respectivos orçamentos, e a CBF é muito mais rica que a AFA, podendo, de tal maneira, propiciar um salário bem mais polpudo ao técnico.

Em relação aos resultados, Tite tirou o Brasil de uma situação desconfortável nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia-2018 e a classificou tranquilamente, sendo campeão do qualificatório.

No Mundial, caiu nas quartas de final, ante a Bélgica (2 a 1).

No ano passado, sagrou-se campeão da Copa América disputada em solo brasileiro, superando a Argentina nas semifinais.

Acumula, em 48 partidas, 34 vitórias, dez empates e quatro derrotas. Seu aproveitamento de vitórias é de 71%.

Scaloni não ganhou nada até agora, tendo só disputado a Copa América, na qual a Argentina ficou com a terceira colocação.

Dirigiu a equipe em 21 jogos, com 12 vitórias, cinco empates e quatro derrotas –aproveitamento de vitórias de 57%.

Dado o histórico, parece justo que Tite, que ainda faturou uma Libertadores, um Mundial de Clubes e dois Brasileiros com o Corinthians, ganhe (bem) mais que Scaloni, 17 anos mais jovem que ele e quase um novato na função.

A questão final a fazer é: a apuração do L’Équipe é confiável? Tite ganha isso mesmo, ou mais, ou menos?

Considerando-se a tradição e a importância do jornal, não há por que duvidar, e por ora é esse o número a ser considerado, já que a CBF, ao ser contatada para confirmar ou negar a informação, respondeu apenas que “não comenta o valor dos contratos com seus funcionários”.

Erramos: o texto foi alterado

O Brasil venceu a Copa América nove vezes, e não cinco, e a Argentina ganhou a competição 14 vezes, e não dez. O texto foi corrigido.