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Em litígio com torcida, Neymar triplica jogos em que foi decisivo no PSG

Decisivo. Esse tem sido Neymar desde que voltou, 11 dias atrás, a vestir a camisa 10 do Paris Saint-Germain.

Rompido com os torcedores do PSG há várias semanas, devido ao evidenciado desejo de deixar o clube, vontade essa frustrada pela falta de acordo do time francês com o Barcelona, Neymar passou a ter o incômodo de suportar os apupos e os xingamentos em sua volta à equipe, que não defendia desde 11 de maio.

Sob contrato, é o que lhe restava como profissional, mesmo a contragosto: jogar. Se seria bem ou mal, se estaria comprometido ou faria corpo mole, só acompanhando para saber.

O regresso de Neymar foi no dia 14, um sábado, em casa, diante do Strasbourg, pelo Campeonato Francês (Ligue 1).

No Parque dos Príncipes, os torcedores do PSG ficaram em cima do atacante que custou ao clube € 222 milhões (recorde no futebol), especialmente os mais fanáticos, os ultras, hostilizando-o sem parar.

Jogo muito duro, que caminhava para o empate sem gols, até que, nos acréscimos do segundo tempo, Diallo cruza da esquerda e o destro Neymar, perto da marca do pênalti, faz uma acrobacia e acerta uma linda puxeta, de canhota. A bola toca na trave e entra na meta do goleiro belga Sels.

Neymar faz malabarismo e dá ao Paris Saint-Germain a vitória contra o Strasbourg aos 46 minutos do segundo tempo; clique e veja (Reprodução/Ligue 1 no YouTube)

Golaço. Semblante fechado, Neymar bateu no peito, abriu os braços, socou o ar, abraçou os colegas. Envolto em azedume, demorou a esboçar um lampejo de alegria. O PSG venceu por 1 a 0.

A segunda partida, também pelo Francês, foi fora de Paris, em Lyon, no domingo (22). Novamente os torcedores vaiando – e até atirando objetos na direção de Neymar –, novamente um confronto equilibrado, apesar de o PSG ter mais oportunidades de gol que o rival, dirigido pelo brasileiro Sylvinho.

O placar mostrava 0 a 0 até os 41 minutos do segundo tempo. Ataque do PSG. Neymar toca para Verratti na esquerda e se manda para a área. O italiano passa rasteiro para Di María, na meia-lua. O argentino serve, de primeira, para Neymar, marcado bem de perto pelo holandês Tete.

No espaço de dois segundos, o que acontece?

Neymar apara a bola com o pé esquerdo, com o direito aplica um drible curtíssimo em Tete, enganando também o dinamarquês Andersen, e, antes que Tousart ou Dubois, também próximos, pudessem fazer algo, chuta firme, de canhota, fora do alcance do goleiro português Anthony Lopes.

Golaço. Na comemoração, Neymar abriu os braços, socou o ar e pareceu menos amargurado do que oito dias antes. O sorriso até veio mais fácil, em meio à festa e aos cumprimentos dos companheiros. O PSG venceu por 1 a 0.

Neymar marcou o gol da vitória do PSG diante do Lyon aos 41 minutos e meio do segundo tempo; clique para assistir (Reprodução/Ligue 1 no YouTube)

Desde a chegada à Europa, jamais Neymar tinha conseguido ser tão decisivo em um intervalo de jogos tão estreito.

Esta é a primeira vez que ele é o responsável direto por dar a vitória a seu time, seja o Barcelona (que defendeu de 2013 a 2017), seja o PSG, em partidas seguidas.

Pelo clube espanhol e pelo clube francês, no total, Neymar participou de 246 jogos por competições oficiais. Fez 158 gols.

Desses 158, 13 foram decisivos.

Por gol(s) decisivo(s), o que consequentemente torna decisivo o jogador que o(s) marcou, considero:

  • aquele que dá a vitória ao time, estando antes o jogo empatado (por exemplo, 1 a 1 termina 2 a 1);
  • aquele que faz a partida terminar em empate, estando antes o time perdendo (por exemplo, 0 a 1 acaba 1 a 1);
  • no caso de uma vitória na qual o adversário não faz gol(s), todos os marcados pelo mesmo atleta (por exemplo, em um 2 a 0, esses dois gols foram feitos pelo mesmo jogador, ou seja, o time só ganhou graças aos gols dele);
  • no caso de uma vitória na qual o adversário faz gol(s), todos os marcados depois de o placar apontar empate, ou derrota, sendo do mesmo atleta (por exemplo, com o placar em 1 a 1, o mesmo jogador faz o segundo e o terceiro gols no triunfo por 3 a 1; ou, com o placar em 1 a 2, o mesmo jogador faz os gols da virada para 3 a 2).

Neymar, com esses dois recentes gols, triplicou o número de partidas em que foi decisivo pelo PSG.

Antes, tinha sido uma única vez, quando anotou, de pênalti, o gol do empate contra o Nice, em abril deste ano (1 a 1), aos 15 minutos do segundo tempo.

Contra o Strasbourg e o Lyon, o “ser decisivo” ganhou um peso maior porque os gols saíram perto do fim da partida, quando a emoção e a tensão, tanto nos jogadores como nos torcedores, geralmente estão no auge em duelos indefinidos.

Pelo Barcelona, os dez gols decisivos feitos por Neymar – quatro no Campeonato Espanhol, três na Champions League, dois na Copa do Rei e um na Supercopa da Espanha, em um total de oito partidas, sendo seis vitórias e dois empates – saíram em minutagem inferior aos dois últimos pelo PSG, e cinco deles (a metade) foram marcados no primeiro tempo.

Neymar sorri para o volante Gueye (27) ao fazer o gol da vitória do PSG sobre o Lyon no Campeonato Francês (Jeff Pachoud – 22.set.2019/AFP)

Não deixa de ser uma feliz coincidência para Neymar registrar esses dois gols decisivos em tão curto espaço de tempo.

Decidir um jogo não é comum. Decidir perto do fim do jogo é menos comum ainda. Decidir dois jogos seguidos com o apito final do árbitro se aproximando é sem dúvida raríssimo.

Neymar volta a campo nesta quarta (25), em Paris, contra o Reims.

Se o acaso o levar a, pela terceira partida consecutiva, ser decisivo nos minutos derradeiros, será necessário um estudo aprofundado para descobrir se é algo inédito no futebol de primeira linha.

Em tempo 1: O PSG tem, além de Neymar, hoje com 27 anos, mais dois atacantes de altíssimo nível, o uruguaio Cavani (32 anos) e o francês Mbappé (20 anos). Considerando o mesmo período de atuação de Neymar no clube (segundo semestre de 2017 até agora), eles foram decisivos em mais ou menos jogos que o craque brasileiro? Em mais, os dois. Enquanto Neymar tem em seu currículo nesse quesito as partidas contra Nice, Strasbourg e Lyon, tanto Cavani como Mbappé acumulam cinco jogos cada um. O francês levou o PSG à vitória em cinco confrontos, e o uruguaio determinou a vitória do clube em duas partidas e assegurou-lhe o empate em três. 

Em tempo 2: Caso Neymar não fizesse os gols contra Strasbourg e Lyon e esses duelos terminassem empatados, o PSG deixaria de somar quatro pontos e não seria o líder do Campeonato Francês. Teria 11 pontos em vez de 15 e iniciaria a sétima rodada atrás do Angers e do Nice (12 pontos cada um).

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