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Jogador argentino volta ao futebol depois de ser motorista de Uber

Jogar futebol profissional é o sonho de muitos e muitos garotos. Sonho que na maioria das vezes fica pelo caminho.

Não basta ser bom de bola. É preciso cavar um espaço. Ser aprovado em peneiras. Ter um bom QI (Quem Indica, nesse caso) também ajuda.

O percurso, que exige talento, sorte e/ou dedicação, é longo. E, aos que conseguem chegar lá, nada assegura vida longa no esporte.

A falta de perspectiva (leia-se de um emprego em um clube) pode fazer o futebolista desistir, mesmo que temporariamente, da profissão.

Pois, se não há emprego, não há salário. Mas as contas continuam a chegar, é necessário obter renda de alguma outra forma.

E, estando fora depois de estar dentro, dificilmente há retorno.

Pois a vitrine de um jogador de futebol é… o próprio jogador de futebol.

Estando em atividade, ele pode exibir seus atributos, o que lhe dá a chance de ter o contrato renovado ou a possibilidade de ser negociado com um outro clube.

Quando isso não acontece, o pendurar das chuteiras é o resultado previsto, em questão de (pouco) tempo.

Houve recentemente uma exceção. De nome Juan Manuel Trejo. Argentino de San Miguel de Tucumán. Meio-campista canhoto que também atua na lateral.

Trejo (dir.), em viagem com o Independiente em maio de 2015 (Reprodução/Twitter de Juan Manuel Trejo)

Ele começou a carreira em 2012, no Independiente, um dos grandes da Argentina (é o maior campeão da Libertadores, com sete títulos), e lá permaneceu até 2016.

Na Copa Sul-Americana de 2015, teve seu melhor momento: marcou um gol, seu primeiro pelo clube, nas oitavas de final, na vitória por 1 a 0 sobre o Olimpia, do Paraguai, em Avellaneda.

Treinado por Mauricio Pellegrino (atual técnico do Leganés, da Espanha), era colega de Victor Cuesta e de Nicolás Tagliafico, hoje zagueiro do Internacional e lateral-esquerdo da seleção argentina, respectivamente.

Victor Cuesta, o goleiro Rodríguez e Pellerano comemoram o gol que Trejo fez pelo Independiente em partida da Copa Sul-Americana contra o Olimpia, do Paraguai (23.set.2015/Reuters)

Depois, porém, amargou grande queda de rendimento, e o Independiente decidiu emprestá-lo, em 2016, ao Quilmes, onde quase não jogou.

Na volta do empréstimo, um ano depois, Trejo foi dispensado. Sem mercado, tentou jogar nos EUA, em Chicago, mas não deu certo.

Voltou e, como não havia nenhum time interessado e o dinheiro minguava, para sustentar a si e a familiares passou a trabalhar, aos 25 anos, como motorista do aplicativo Uber, de transporte de pessoas.

A contragosto, diga-se. Mantinha em seu âmago a vontade de regressar ao futebol. Continuaria jogando peladas, para se manter em atividade e quiçá ser visto por algum olheiro.

Sua história de alguma forma se difundiu (não se sabe como, mas suponho que algum cliente do app tenha conversado com ele em uma viagem e depois postado o caso nas redes sociais), e Trejo virou personagem.

No começo deste ano, deu uma entrevista à América TV, de La Plata, na qual clamou por uma nova oportunidade.

“Às vezes é duro, pois te dizem que não joga [profissionalmente] há um ano e meio. É muito difícil esquecer de jogar futebol. Preciso de uma chance a mais.”

Falou também ao diário esportivo Olé: “Passei a metade da minha vida nos campos. Sigo jogando futebol por todos os lados, até que um clube me abra as portas”.

Neste mês, um clube abriu. O Talleres, da cidade de Remedios de Escalada, na Grande Buenos Aires, o contratou.

Trejo estará longe da elite, já que a tradicional equipe, fundada em 1906, integra a terceira divisão.

Mas certamente está feliz, pois teve renovado um sonho que, ao menos por ora, não ficou pelo caminho.

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