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O perigo das oitavas da Libertadores para os brasileiros

Nas oitavas de final da Libertadores, que começam nesta terça (23), nunca houve tantos confrontos entre times brasileiros e de outros países.

Serão seis, batendo o recorde das edições de 2008 e de 2011, que registraram cinco duelos cada uma.

Agora, representam o Brasil o Athletico-PR (contra o Boca Juniors), o Cruzeiro (contra o River Plate, atual campeão), o Flamengo (contra o equatoriano Emelec), o Grêmio (contra o paraguaio Libertad), o Internacional (contra o uruguaio Nacional) e o Palmeiras (contra o argentino Godoy Cruz).

Na teoria, há favoritismo dos brasucas em quatro dos duelos, os quatro últimos do parágrafo anterior. Considero Athletico e Cruzeiro azarões diante dos maiores clubes da Argentina.

Um 4 a 2 (quatro do Brasil avançando e dois não) parece perfeitamente lógico, plausível, esperado.

Só que o desempenho nesta década dos times brasileiros nas oitavas de final é motivo para desacreditar nessa premissa.

Em 2011, por exemplo, os tupiniquins se deram muito mal nas oitavas.

Só o Santos, dos então meninos da Vila Neymar e Ganso, que depois se tornaria campeão, avançou. Caíram ante gringos o Cruzeiro, o Fluminense, o Grêmio e o Internacional.

De 2011 a 2018, houve 28 cruzamentos entre brasileiros e estrangeiros nessa fase. E os clubes do nosso país foram eliminados em mais da metade: 16 (57%).

Um cenário de perigo manifesto que seria inimaginável em tempos passados.

A Libertadores instaurou o mata-mata de oitavas de final na edição de 1989, exatamente 30 anos atrás. Antes disso, o regulamento era diferente, e essa etapa não existia.

No geral, as equipes do Brasil têm ampla vantagem nos 78 encontros com as gringas: foram 51 triunfos e 27 fracassos.

Uma folga confortável, resultante porém dos anos iniciais, quando os brasileiros eram quase imbatíveis nas oitavas.

De 1989 a 2002, em 23 disputas, os times nacionais triunfaram em 21 – 91% de êxito.

Nesse intervalo só caíram o Corinthians, contra o Boca Juniors, em 1991 (lembro-me de que o zagueiro Guinei fez duas péssimas partidas, com falhas cruciais), e o Cruzeiro, contra o chileno Unión Española, em 1994.

Luan, do Atlético-MG, em lance com o goleiro Olivares, do Jorge Wilstermann, da Bolívia, nas oitavas de final da Libertadores de 2017, em Belo Horizonte (Douglas Magno – 9.ago.2017/AFP)

Depois disso, de 2003 a 2018, o placar mostra 30 a 25 a favor dos brasileiros, uma diferença bem menos elástica, com eliminações até para time da Bolívia (o Jorge Wilstermann bateu o Atlético-MG em 2017).

Como, conforme descrito, está claro que a imposição dos brasileiros sobre os estrangeiros não é mais a de outrora, a meia dúzia que decide seu futuro nesta semana e na próxima, em especial os maiores favoritos (Palmeiras e Flamengo), devem jogar com a máxima seriedade e a vontade, no mínimo, duplicada.

A seguir, caso o leitor tenha curiosidade, o resultado dos duelos entre brasileiros e estrangeiros nas oitavas de final da Libertadores.

  • 2018 – 2×2 (Grêmio e Palmeiras passaram; Corinthians e Santos caíram)
  • 2017 – 2×2 (Botafogo e Grêmio passaram; Atlético-MG e Palmeiras caíram)
  • 2016 – 2×2 (Atlético-MG e São Paulo passaram; Corinthians e Grêmio caíram)
  • 2015 – 0x1 (Corinthians caiu)
  • 2014 – 1×2 (Cruzeiro passou; Atlético-MG e Grêmio caíram)
  • 2013 – 1×3 (Fluminense passou; Corinthians, Grêmio e Palmeiras caíram)
  • 2012 – 3×0 (Corinthians, Santos e Vasco passaram)
  • 2011 – 1×4 (Santos passou; Cruzeiro, Fluminense, Grêmio e Inter caíram)
  • 2010 – 3×0 (Cruzeiro, Inter e São Paulo passaram)
  • 2009 – 3×0 (Cruzeiro, Grêmio e São Paulo passaram)
  • 2008 – 3×2 (Fluminense, Santos e São Paulo passaram; Cruzeiro e Flamengo caíram)
  • 2007 – 1×2 (Santos passou; Flamengo e Paraná caíram)
  • 2006 – 1×2 (Inter passou; Corinthians e Goiás caíram)
  • 2005 – 2×0 (Athletico-PR e Santos passaram)
  • 2004 – 3×1 (Santos, São Caetano e São Paulo passaram; Cruzeiro caiu)
  • 2003 – 2×2 (Grêmio e Santos passaram; Corinthians e Paysandu caíram)
  • 2002 – 2×0 (Grêmio e São Caetano passaram)
  • 2001 – 2×0 (Cruzeiro e Vasco passaram)
  • 2000 – 2×0 (Corinthians e Palmeiras passaram)
  • 1999 – 1×0 (Corinthians passou)
  • 1998 – 1×0 (Grêmio passou)
  • 1997 – 2×0 (Cruzeiro e Grêmio passaram)
  • 1996 – 1×0 (Corinthians passou)
  • 1995 – 2×0 (Grêmio e Palmeiras passaram)
  • 1994 – 0x1 (Cruzeiro caiu)
  • 1993 – 2×0 (Flamengo e São Paulo passaram)
  • 1992 – 2×0 (Criciúma e São Paulo passaram)
  • 1991 – 1×1 (Flamengo passou; Corinthians caiu)
  • 1990 – 1×0 (Vasco passou)
  • 1989 – 2×0 (Bahia e Inter passaram)
Neto (à frente) no jogo no Morumbi, 28 anos atrás, em que o Corinthians foi eliminado pelo Boca Juniors nas oitavas da Libertadores (Fernando Santos – 24.abr.1991/Folhapress)

Em tempo: O time brasileiro que mais foi eliminado nas oitavas de final da Libertadores ao se deparar com um gringo é, disparado, o Corinthians: sete vezes. A equipe alvinegra não disputa a atual edição. Cruzeiro e Grêmio caíram quatro vezes cada um.

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