Com o respaldo de Zico, brasileiro quer fazer história no Japão
Kashima Antlers, do Japão, e Persepolis, do Irã, decidem neste sábado (10) no estádio Azadi, em Teerã, a Liga dos Campeões da Ásia.
A partida coroará um campeão inédito na Champions asiática, que dá ao vencedor uma vaga no Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro, nos Emirados Árabes Unidos.
O Kashima está bem perto do título, já que a partida de ida, como mandante, ganhou por 2 a 0.
O principal destaque do clube japonês na competição é um brasileiro: Serginho, ex-Santos.
No Kashima desde agosto, o meia-atacante fez um gol em cada um dos cinco jogos que disputou pela equipe na Liga dos Campeões.
Um deles, inclusive, foi decisivo.
Na semifinal, contra o Suwon Bluewings, na Coreia do Sul, marcou aos 37 minutos do segundo tempo o gol do empate por 3 a 3, resultado que valeu a classificação – o Kashima vencera o jogo de ida por 3 a 2.
Este é o melhor momento na carreira do jogador canhoto de 23 anos, nascido em Monte Aprazível, cidade de cerca de 25 mil habitantes localizada no noroeste paulista, a 474 quilômetros de São Paulo, na região de São José do Rio Preto.
Serginho esteve nas categorias de base do Santos a partir de 2011 e teve como adversários, em treinamentos, Neymar e Paulo Henrique Ganso. Profissionalizou-se em 2014, porém nunca conseguiu se firmar no alvinegro praiano.
Jogou por empréstimo no Vitória da Bahia, no Santo André-SP e, neste ano, no América-MG, onde suas atuações chamaram a atenção de Zico, que defendeu a seleção brasileira em três Copas do Mundo (1978, 1982 e 1986) e é um dos maiores ídolos do Flamengo e do Kashima Antlers.
Zico, hoje com 65 anos, atuou pelo maior vencedor do Campeonato Japonês de 1991 até 1994, quando pendurou as chuteiras. O Kashima ganhou oito vezes a J-League.
Diretor técnico da equipe desde julho, foi quem recomendou a contratação de Serginho e iniciou as negociações com o Santos, segundo relato do jogador a O Mundo É uma Bola.
O meia-atacante destaca a importância de Zico, desde sua chegada ao Japão, para que ele pudesse apresentar um bom futebol.
“O Zico é muito presente, está em todos os treinos, procura sempre dar conselho. No meu primeiro jogo, ele me disse que o que me trouxe para cá foi o que eu estava fazendo no Brasil e que era para eu fazer a mesma coisa, pois iria dar certo. Isso me deu uma tranquilidade a mais.”
“Tê-lo no dia a dia, ele que foi um ídolo, um jogador fora do normal, eu nem tenho palavras para explicar. E foi o que ele falou: as coisas estão dando certo.”
Além dos cinco gols na Liga dos Campeões, Serginho marcou dois na J-League e outros dois na Copa da Liga Japonesa.
São nove gols em 17 partidas – média de 0,53, muito boa para um jogador que não fica com tanta frequência tão perto do gol –, mais do que tinha feito em toda a carreira profissional (sete gols pelo América e um pelo Vitória).
Serginho diz ter o sonho de jogar no futebol da Europa e acha que o desempenho no Kashima pode ajudá-lo. Ressalta, porém, ter vontade de, antes de uma possível transferência, triunfar no clube atual, com o qual tem contrato até 2021.
“O Kashima é uma ótima vitrine, pelo nome que tem, pelo que o Zico fez no clube e pelo que está fazendo hoje. Isso conta muito. Espero ficar bastante tempo aqui e fazer história por este grande clube.”
Terá sua chance na decisão da Champions, já que nem com Zico o Kashima chegou ao topo na Ásia.
Em tempo: Serginho diz não ter tido problemas de adaptação no Japão em relação à comida e aos costumes. Sobre o idioma, admite a dificuldade, minimizada com o auxílio de dois intérpretes, “um fora de campo, outro dentro”, este último o colega de time Leandro (meia-atacante, ex-Grêmio, Palmeiras, Santos e Coritiba), que está no Japão desde o ano passado. O Kashima ainda tem mais um brasileiro no elenco, o volante Léo Silva (ex-Portuguesa).