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Guardiola pratica o antijogo, mas alguém percebe?

Pep Guardiola, para mim, sempre foi sinônimo de futebol bem jogado. Futebol bonito, artístico. E futebol leal.

No ataque, esmagadoras posse de bola e precisão nos passes. Na defesa, poucas faltas, violência quase zero.

Isso no Barcelona, isso no Bayern de Munique, isso no Manchester City, time que dirige desde a metade de 2016.

Tanto que li com surpresa reportagem publicada pelo Daily Mail na qual o diário britânico afirma, com base em uma entrevista dada por Domènec Torrent, que Guardiola recorre a uma estratégia nada louvável.

Mas, antes de expor essa estratégia, pergunto: você sabe quem é Domènec Torrent?

Espanhol como Guardiola, é o treinador que de 2007 até junho deste ano atuou como auxiliar técnico de Guardiola, na Espanha, na Alemanha e na Inglaterra. Hoje, está à frente do New York City, da Major League Soccer (liga de futebol dos EUA).

Eles eram (e são) uma espécie de superamigos, e Torrent, nove anos mais velho (56 a 47), conhece Guardiola a fundo, devido ao longo convívio, com a rotina quase diária de treinos, as contantes viagens nacionais e internacionais, a troca amiúde de ideias e de conhecimento.

Segundo o jornal, Torrent declarou que Guardiola orienta seus jogadores a, assim que perdem a bola, recuperá-la rapidamente, em tempo curtíssimo.

Domànec Torrent, treinador do New York City, com Pep Guardiola, técnico do Manchester City, em treinamento das equipes em Orangeburg, nos EUA (Seth Wenig – 23.jul.2018/Associated Press)

Esse bote, essa pressão para retomar a redonda, dura cinco segundos.

Se não der certo, o time precisa se recompor, e o recurso disponível para atrasar o ataque do adversário e dar mais tempo para o posicionamento defensivo é cometer uma falta.

Não uma falta escandalosa ou violenta, mas a chamada falta tática.

Como fazê-la? Quem joga sabe: basta dar no adversário um encontrão suficientemente forte para impedi-lo de avançar, podendo ou não derrubá-lo. É o conhecido “chegar junto”, para matar a jogada.

Isso feito, pronto: contra-ataque destruído pela “regra dos cinco segundos”, conforme definiu o Daily Mail.

O nome que dou a essa regra, com oito letras? A-n-t-i-j-o-g-o.

Um artifício utilizado com frequência pelas equipes que enfrentam as de Guardiola (não apenas seguidas faltas, mas também a catimba, a cera, a simulação de contusões), mas pelas dirigidas por ele?

Parece até um ultraje.

O curioso é que vejo há anos jogos dos times de Guardiola e jamais percebi a prática desse antijogo, dessas faltas sutis para retardar os oponentes. E nunca ouvi nenhum narrador ou comentarista destacar essa estratégia.

Pode ser que o encantamento com o ótimo futebol de Barça, Bayern e Man City sob Guardiola tenha me cegado, assim como aos colegas de profissão.

Ou pode ser que, apesar de os jogadores estarem instruídos a parar o jogo com infrações tão logo percam a bola, não consigam executar com frequência o antijogo.

Como a temporada 2018/2019 se aproxima, e o Man City já tem se apresentado em partidas preparatórias, estarei atento para tirar essa questão a limpo.

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Em tempo: O New York City, de Domènec Torrent, ocupa a segunda posição, entre 11 equipes, na Conferência Leste da Major League Soccer. Tem 43 pontos, um a menos que o Atlanta United, e estaria classificado para os mata-matas se a fase atual terminasse hoje. O único jogador de renome na equipe é o atacante David Villa, de 36 anos, ex-Barcelona e campeão com a Espanha na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. 

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