Só em duas Copas quem estreou com empate levantou a taça
A seleção brasileira de Tite, Neymar e Philippe Coutinho teve uma atuação abaixo da esperada e não conseguiu superar a Suíça na estreia na Copa do Mundo da Rússia. Ficou no 1 a 1, no domingo (17), em Rostov.
Publicou-se que foi a primeira vez em 40 anos que o Brasil iniciou um Mundial sem vitória.
Correto. Isso não ocorria desde a Copa da Argentina, em 1978, quando a equipe treinada por Cláudio Coutinho, com Rivellino, Toninho Cerezo e Zico, empatou com a Suécia por esse mesmo placar. O ótimo atacante Reinaldo marcou para o Brasil.
Publicou-se também que, em todos os Mundiais dos quais o Brasil saiu vencedor, sempre começou ganhando – em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.
Correto novamente. Até sugeri ao leitor um teste de conhecimento sobre essas partidas da seleção brasileira.
Faltou publicar mais um componente histórico que, para os supersticiosos, atuará contra o Brasil na caminhada na Rússia em busca do hexacampeonato. Eu, pois, publico.
Nas 20 edições já realizadas da Copa do Mundo, disputada desde 1930, somente em duas triunfou uma seleção que empatou na estreia, caso do Brasil na Rússia – também largaram com empate a Argentina e a Espanha, entre as favoritas.
A primeira foi a Inglaterra, em 1966, no Mundial disputado na terra da rainha Elizabeth 2ª.
A seleção anfitriã, do técnico Alf Ramsey, começou sua campanha com um 0 a 0 ante o Uruguai.
Depois, deslanchou, obtendo cinco triunfos.
Ainda na primeira fase, derrotou por 2 a 0 tanto o México como a França. Nas quartas de final, fez 1 a 0 na Argentina, antes de superar Portugal, do craque Eusébio, por 2 a 1 na semifinal, dois gols de outro craque, Bobby Charlton.
Na decisão, a Alemanha, no estádio de Wembley. Após um 2 a 2 no tempo normal, Geoff Hurst marcou duas vezes na prorrogação, permitindo ao capitão, Bobby Moore, erguer a Taça Jules Rimet.
O primeiro dos dois gols de Hurst no tempo extra foi indevidamente validado pelo árbitro Gottfried Dienst, da Suíça, pois a bola, depois de bater no travessão, tocou sobre a linha do gol e saiu.
Não havia tecnologia, hoje tão em evidência (mas que não evitou que o Brasil fosse prejudicado no 1 a 1 de dois dias atrás), à época, e os ingleses faturaram sua primeira e única Copa do Mundo.

A segunda e última seleção a obter o título mundial partindo de uma igualdade na estreia foi a Itália, em 1982, na Espanha.
Capitaneada pelo goleiro Dino Zoff e dirigida por Enzo Bearzot, a equipe largou com um 0 a 0 diante da Polônia, jogo que prenunciou uma primeira fase pífia para os italianos.
Tanto contra peruanos como camaroneses, a Squadra Azzurra decepcionou, saindo na frente nas duas partidas e permitindo o empate. Dois 1 a 1.
Só progrediu na Copa porque Camarões, também três empates, perdeu no número de gol marcados – os africanos não balançaram as redes contra Peru e Polônia.
Com esse futebolzinho a Itália chegou à segunda fase como zebra no grupo que tinha um Brasil arrasador (Zico, Sócrates, Falcão e companhia) e a Argentina campeã de 1978, já com Maradona.
Surpresa, os italianos bateram os argentinos por 2 a 1 e, no duelo que definia um dos semifinalistas, precisando derrotar a seleção brasileira, o fez: 3 a 2, três gols de Paolo Rossi, em uma das maiores tristezas do futebol brasileiro, eternizada como a Tragédia do Sarriá.
A Azzurra se encheu de confiança, passou bem pela Polônia (2 a 0) e, na decisão apitada pelo brasileiro Arnaldo Cezar Coelho, fez por merecer a vitória por 3 a 1. Itália tricampeã do mundo, dona momentaneamente da Taça Fifa.

Desse modo, a história mostra que, sim, é possível largar não tão bem e depois avançar até a glória no Mundial.
Porém isso é muito raro. Em 17 das 20 Copas do Mundo, o campeão começou vencendo.
Cabe ainda escrever sobre a Espanha, a única seleção que conquistou a Copa do Mundo tendo perdido na estreia.
Em 2010, na África do Sul, foi surpreendida pela Suíça, que jogou por uma bola (como contra o Brasil de Tite) e saiu de campo com o 1 a 0.
Porém o esquadrão que tinha Xavi, Piqué, Sergio Ramos, David Villa, Casillas, Puyol e outros, sob a batuta do técnico Vicente del Bosque, engatou seis vitórias em série até encerrar a caminhada com o 1 a 0, na prorrogação, diante da Holanda.
O genial Iniesta fez o gol do título.
Em tempo: A chance de recuperação do Brasil na Copa da Rússia, ante a Costa Rica, nesta sexta (22), em São Petersburgo, é muito boa, considerando-se o histórico de duelos. Os costa-riquenhos, em dez confrontos na história contra a seleção brasileira, perderam nove, incluindo dois em Copas do Mundo (1 a 0 em 1990 e 5 a 2 em 2002). Houve uma vitória solitária, no Pan-Americano de 1960, por 3 a 0. Sete dias depois, entretanto, o Brasil devolveu a goleada, em revanche na mesma competição: 4 a 0.