VAR sugeriu ao árbitro de campo, após gol suíço, ‘seguir o jogo’
Nos dois lances que geraram polêmica em Brasil 1 x 1 Suíça, em Rostov, estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia, a equipe responsável pelo VAR (video assistant referee) recomendou ao árbitro mexicano César Ramos dar continuidade ao jogo.
A informação foi reportada a O Mundo É uma Bola por uma pessoa próxima à Fifa, na condição de que fosse mantido seu anonimato.
Para a equipe de VAR chefiada pelo italiano Paolo Valeri, que assistia à partida na central da videoarbitragem, em Moscou, o contato que o meia-atacante Zuber teve com o zagueiro Miranda na jogada em que o suíço empatou para a seleção europeia não foi suficiente para caracterizar uma falta.
A mesma interpretação valeu para o lance, também no segundo tempo, em que Gabriel Jesus caiu na área suíça depois de ser tocado por Akanji, pedindo pênalti.
Como Valeri não sugeriu que houve irregularidade em nenhuma das jogadas, mostrando concordância com o que César Ramos e seus auxiliares na Arena Rostov viram, o mexicano deu sequência à partida – a decisão sobre parar o jogo para reconsiderar o que foi ou não marcado é sempre do juiz de campo.
A não marcação da falta em Miranda gerou muita reclamação dos brasileiros.
Inconformado ao falar com Ramos, Neymar apontava para o alto (possivelmente para o telão, que deve ter repetido o lance), como se dissesse: “Veja, foi falta!”.
Depois do jogo, o camisa 10 e principal jogador da seleção declarou: “Se a arbitragem não presta atenção, é ruim para o futebol”.
Na transmissão da TV Globo, o narrador Galvão Bueno foi contundente: “É a desmoralização do árbitro de vídeo”.
Testado em alguns países nos últimos dois anos (Alemanha, Itália, EUA e Holanda estão entre os que dispõem da tecnologia), o sistema VAR é uma novidade na Copa do Mundo.
Depois da partida, o costumeiramente frio Miranda considerou ter sofrido falta e afirmou que, caso tivesse caído, talvez a arbitragem a assinalasse, mas não se mostrou irritado.
Para este blogueiro, houve empurrão claro de Zuber em Miranda (ou seja, o gol deveria ter sido anulado) e falta, mesmo que sutil, de Akanji em Gabriel Jesus (ou seja, deveria ter sido marcada a penalidade máxima).
Além de Paolo Valeri, faziam parte da equipe de videoarbitragem no jogo do Brasil seus compatriotas Elenito Di Liberatore e Gianluca Rocchi e o argentino Mauro Vigliano.
Até agora, nos 11 jogos da Copa de 2018, apenas em duas ocasiões o árbitro de campo recorreu ao monitor disponível ao lado do campo para verificar um lance após contato do videoárbitro.
Em ambas, a não marcação de um pênalti foi revista, em França x Austrália e em Peru x Dinamarca, partidas disputadas no sábado (16).
Os franceses converteram o pênalti (Griezmann), na vitória por 2 a 1, e os peruanos o desperdiçaram (Cueva), na derrota por 1 a 0.
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