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Com técnico tampão, já há desculpa para fracasso espanhol na Copa

Nesta madrugada, um pouco antes de sair da Redação da Folha, comentei com o colega Jacques Constantino: “Esse cara vai cair”. E caiu.

O “cara” ao qual me referia era Julen Lopetegui, treinador da seleção espanhola.

O noticiário da véspera trouxe que ele acertara contrato com o Real Madrid, atual tricampeão da Liga dos Campeões da Europa.

Isso a três dias da estreia da Fúria na Copa do Mundo da Rússia, nesta sexta (15), diante de Portugal, de Cristiano Ronaldo, o atual campeão europeu.

O cargo no Real estava vago desde que, depois da mais recente conquista no mais badalado interclubes do planeta, o francês Zinédine Zidane pediu demissão.

Lopetegui durante treino da Espanha antes da Copa do Mundo da Rússia (Reprodução/Site da Real Federação Espanhola de Futebol)

Algum problema em trocar a seleção espanhola pelo todo-poderoso clube madrilenho?

Não, exceto por dois motivos:

  1. Lopetegui negociou à surdina, sem conhecimento da Federação Espanhola de Futebol;
  2. Lopetegui, três semanas atrás, estendera seu acordo com a federação, comprometendo-se a permanecer na função até a Eurocopa de 2020.

Não à toa o presidente da federação, Luis Rubiales, irritou-se. E Lopetegui, conforme previsto, dançou.

Não era o desejado.

Estou certo de que nenhuma seleção deseja trocar de treinador às vésperas de iniciar a campanha em um Mundial, ainda mais sendo essa seleção uma das favoritas ao título.

Porém o acontecimento dará a Espanha a desculpa para um possível fracasso na Rússia.

O desempenho ficou abaixo do esperado? Os jornalistas escreverão: “Foi devido à troca de técnico em cima da hora”.

Alguns dos jogadores concordarão, especialmente os líderes do time (Iniesta, Sergio Ramos, Piqué), que tentaram convencer Rubiales a não dispensar Lopetegui.

O ônus do revés será todo do presidente da federação espanhola.

Pois Lopetegui, de 51 anos, ex-treinador das categorias de base da seleção espanhola (2010 a 2014) e do português Porto (2014 a 2016) sai invicto.

Desde que ele assumiu a Espanha, depois da Eurocopa-2016, na qual a equipe caiu nas quartas de final diante dos italianos, a Fúria não sabe o que é derrota. Foram 14 vitórias e 6 empates, com 61 gols a favor e 13 contra.

Nesse caminho, veio a classificação para a Copa, em um grupo que contava com a tetracampeã mundial Itália.

O substituto de Lopetegui é Fernando Hierro, de 50 anos, respeitado como um dos grandes zagueiros da história do Real Madrid e da seleção espanhola – esteve nas Copas de 1990, 1994, 1998 e 2002.

O ex-zagueiro Fernando Hierro, diretor esportivo da seleção espanhola, assume às pressas o comando da seleção de seu país (Reprodução/Site da Real Federação Espanhola de Futebol)

Era quem havia à mão, já que ele estava na comitiva da Espanha na Rússia, como diretor esportivo da seleção. Não daria tempo de trazer outro alguém.

Na comparação, é como se, caso Tite saísse às pressas da seleção brasileira, Edu Gaspar assumisse.

Hierro não é virgem como treinador, mas sua experiência é mínima.

Somente uma vez ele comandou um time, e nem em divisão de elite foi.

Na temporada 2016/2017, com o Real Oviedo, terminou a temporada em oitavo lugar na segunda divisão.

Não tendo atingido a meta do acesso, deixou o cargo. Acumulou 17 vitórias, 10 empates e 15 derrotas, considerando apenas os jogos oficiais.

Tampão, Hierro tem um trunfo. Comandará a Fúria sem responsabilidade.

Caso triunfe, será aclamado e possivelmente considerado, da noite para o dia, um gênio do futebol. Do contrário, não será culpado – e sim o cartola Rubiales.

De toda forma, a Espanha, indo bem ou não, protagoniza com o caso Lopetegui a primeira grande história da Copa de 2018.

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