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Após transferência recorde, algoz do Flamengo faz doação para ex-clube

Luís Curro

O Independiente de Avellaneda é um dos mais tradicionais clubes da Argentina. Assim como o Boca Juniors, foi fundado em 1915.

É também o mais vitorioso time argentino na Libertadores, o mais importante campeonato das Américas.

Ganhou sete títulos, um a mais que o Boca e dois a mais que o Peñarol, do Uruguai.

Todos eles foram conquistados de 1964 a 1984. Nesse intervalo, venceu também duas Copas Intercontinentais e três Copas Interamericanas, o que lhe valeu o apelido de Rei de Copas.

Depois, porém, os troféus do Independiente minguaram, até mesmo os do Campeonato Argentino. Foram, de 1985 a 2017, só dois (do total de 16).

Internacionalmente, a equipe faturou no período  duas Supercopas da Libertadores, uma Recopa Sul-Americana e duas Copas Sul-Americanas.

Nessa última competição, que é a segunda em relevância na América do Sul, o Independiente levantou a taça há menos de dois meses, em pleno Maracanã, diante do Flamengo.

O empate bastava para o visitante, que no primeiro jogo da decisão vencera por 2 a 1, em Avellaneda (Grande Buenos Aires). E ele veio aos 39 minutos do primeiro tempo, em cobrança de pênalti, depois de o Flamengo sair na frente.

O 1 a 1 frustrou a massa rubro-negra e elegeu um jovem herói no time campeão. Ezequiel Barco, um teenager de 18 anos, o caçula da equipe, foi quem pegou a bola e assumiu a responsabilidade de bater o pênalti.

Com muita frieza, o camisa 27 deslocou o goleiro César e saiu para o abraço.

Um jejum de sete anos estava quebrado, já que desde 2010, ao ganhar a mesma Sul-Americana, o Independiente não era campeão de nada – tendo inclusive amargado o rebaixamento para a Série B em 2013.

Não só pelo gol na final, mas pelas atuações ao longo da Sul-Americana de 2017 (iniciou como titular todas as 12 partidas do Independiente), Barco foi a revelação do torneio.

O que rendeu, de imediato, dividendos para o clube que o encontrou em 2015 nas categorias de base da Associação Atlética Jorge Griffa, na cidade de Rosario.

No fim da semana retrasada, o Atlanta United, da Major League Soccer (principal liga dos EUA e do Canadá), antecipou-se a clubes europeus e desembolsou US$ 15 milhões (R$ 47 milhões ou € 12 milhões) pelo promissor meio-campista.

O time fez até piadinha simpática ao anunciá-lo em rede social: “Bem-vindo a bordo, Barco”.

O valor é recorde na MLS, superando por boa margem os U$ 10 milhões que o o Toronto pagou à Roma, em 2013, pelo volante Michael Bradley, capitão da seleção dos EUA.

Na transferência, Barco teve direito a 15% do valor da transação (U$S 2,25 milhões).

E, na despedida para o novo desafio (que lhe dará retorno financeiro maior que se ficasse na Argentina), decidiu doar parte desse valor (US$ 800 mil) ao Independiente, em agradecimento ao clube que o projetou, conforme publicaram os jornais argentinos “Clarín” e “Olé”.

A quantia será empregada na construção de dois campos de grama sintética no centro de treinamento do clube, destinados primordialmente ao garimpo de talentos como ele.

Um belo gesto de gratidão. E, que eu saiba, inédito.

Ezequiel Barco vibra ao marcar de pênalti o gol do Independiente na decisão da Copa Sul-Americana, no Maracanã, contra o Flamengo (Carl de Souza – 13.dez.2017/AFP)

Em tempo 1: Recém-chegado aos Estados Unidos, Barco progredirá no mundo da bola, desfilando seu futebol em um grande clube europeu e na seleção principal da Argentina? Ainda descobriremos. O que é fato é que isso aconteceu (sem uma passagem pelos EUA) com a grande revelação do Independiente neste século, o atacante Kun Agüero, estrela do Manchester City.

Em tempo 2: A contratação de Barco dá prosseguimento à estratégia do Atlanta, comandado pelo treinador Tata Martino (ex-Barcelona e seleções paraguaia e argentina) de montar uma equipe com uma pitada de jovens sul-americanos. Na temporada passada, a primeira do time na MLS, deu certo a aposta em Miguel Almirón, contratado do argentino Lanús por US$ 8,5 milhões. O meia paraguaio, hoje com 23 anos, fez 9 gols e deu 14 assistências em 30 jogos.

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