‘Foram os 15 minutos mais longos da minha vida’, diz beque do Dortmund atingido em explosão
Estarão os atos terroristas aproximando-se perigosamente dos campos de futebol na Europa?
Infelizmente, parece que sim. O ocorrido nesta terça (11), em Dortmund, é preocupante e traz temor.
No caminho para o estádio Signal Iduna Park, o ônibus do Borussia Dortmund foi alvo de explosões, que deixaram ferido o zagueiro espanhol Marc Bartra, de 26 anos, ex-Barcelona.
A equipe alemã enfrentaria naquela noite (tarde no Brasil) o Monaco, da França, no jogo de ida das quartas de final da Liga dos Campeões, o mais badalado campeonato interclubes do planeta.
O jogo, adiado, aconteceu no dia seguinte, sob fortíssimo esquema de segurança – vitória do visitante por 3 a 2.
Nesta quinta (13), a polícia deteve um homem por suspeita de envolvimento no ocorrido. Procuradores alemães dizem que ele pertence à facção terrorista Estado Islâmico.
As bombas que explodiram e danificaram o ônibus do Borussia Dortmund, com quebra dos vidros das janelas, resultaram em ferimentos no braço direito de Bartra. O pulso do jogador quebrou.
Levado ao hospital para receber os cuidados necessários, ele recebeu nesta sexta (14) a visita da família. E, por uma rede social, relembrou o que considerou “o pior obstáculo” que já enfrentou.
“É uma experiência que não desejo a ninguém neste mundo. A dor, o pânico e a incerteza de não saber o que se passava, nem quanto tempo duraria… foram os 15 minutos mais longos e difíceis da minha vida. (…) Olho orgulhoso para meu pulso, pois, de todo o estrago que queriam provocar, foi o que restou do ataque de terça.”
Bartra, que deve ficar afastado do futebol por um mês, escreveu que “vivemos em um mundo cada vez mais louco” e fez um apelo: “A única coisa que peço, a ÚNICA, é que vivamos TODOS em paz e deixemos as guerras para trás”.

Quem, a exemplo de Bartra, considera que o mundo está “ficando louco” é um compatriota dele, bem mais famoso no mundo da bola: Pep Guardiola.
“Assusta um pouco como está o mundo. Está se tornando um pouco louco. O que se passa na Síria…”, declarou o treinador do Manchester City, da Inglaterra, que teve passagens vitoriosas por Barcelona e Bayern de Munique.
O país árabe, que vive em guerra civil desde 2011, passa por momentos de tensão extrema desde a semana passada, quando um ataque químico que matou ao menos 80 pessoas, supostamente ordenado pelo governo do ditador Bashar al-Assad, foi seguido de bombardeio dos EUA, que resultou em mais mortes.
Para Guardiola, é necessário que as principais potências mundiais ajam para resolver a situação.
“Oxalá os presidentes dos Estados Unidos (Donald Trump), da Rússia (Vladimir Putin) e da China (Xi Jinping) possam intervir, pois, se não, não sabemos onde iremos parar”, disse em entrevista coletiva.
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EUA, Rússia e China unidos pela paz na Síria? Parece utopia. Os interesses políticos e econômicos permitirão?
E a ONU (Organização das Nações Unidas), responsável por promover a cooperação internacional? Continuará com o corriqueiro bla-bla-blá ou traçará um plano de ação eficaz?
Não há solução fácil. Sou, hoje e sempre, a favor da resolução de conflitos pela diplomacia, contrário a qualquer tipo de ação que possa resultar em perda de vidas.
Só que lidar com grupos terroristas pode exigir medidas drásticas. Atitudes que venham a evitar que um estádio de futebol lotado (ou seus arredores, na chegada e na saída de milhares de torcedores) possa ser o alvo de um atentado que deixe muitos mortos e feridos.
Imaginar que isso possa acontecer já é um pesadelo.
Podem ser vítimas pessoas que não têm nada a ver com conflitos políticos e religiosos. Pessoas que, nas palavras de Bartra, “amam nossa profissão e querem que as façamos sentir emoções”.
Emoções intensas (para quem ganha e quem perde) e prazerosas (para quem ganha), como só o futebol é capaz de propiciar.
Não emoções intensas, mas assustadoras e dolorosas, como as sentidas por Bartra nesta semana.