Totti é o jogador mais fiel ao clube nas principais ligas da Europa; e no Brasil?
A Folha publica nesta segunda (6) uma reportagem sobre a longevidade dos esportistas, informando que cresce o número dos que obtêm resultados expressivos mesmo estando mais velhos. Isso deve-se principalmente à evolução dos métodos de treinamentos e da tecnologia.
No futebol, sempre foi praxe afirmar que o jogador, ao chegar ao 35, está “acabado” para o futebol. Passou dos 30, já se começa a olhar meio torto para ele.
O auge do futebolista geralmente vem até os 30 anos mesmo. A tendência depois é de queda de rendimento, especialmente físico. E, quando fisicamente o jogador não está bem, o lado técnico acaba afetado.
Como em quase qualquer situação, há exceções. Zé Roberto, meia-lateral que defendeu Bayer Leverkusen, Bayern de Munique e Hamburgo (todos da Alemanha), além da seleção brasileira, e hoje joga no Palmeiras, está aí para provar. Com 42 anos, ainda se destaca.
Goleiros são um caso à parte. Por terem menos desgaste físico, conseguem permanecer na profissão mais que os atletas de linha.
A duração da carreira é comprovadamente um dos grandes dilemas dos futebolistas. Há um ditado famoso que diz: “Jogador de futebol morre duas vezes”. A primeira é quando pendura as chuteiras.
Essa reportagem sobre longevidade me lembrou de um artigo interessante que li faz alguns dias, publicado pelo Observatório de Futebol Cies (Centro Internacional de Estudos Esportivos), organização que tem sede na Suíça e desenvolve pesquisas focalizadas em estatísticas.
O Cies elencou os jogadores que mais tempo estão ininterruptamente em um mesmo clube na carreira profissional, considerando as cinco principais ligas europeias (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália).
Atenção: não necessariamente o atleta precisa ter começado a carreira nesse time.
O campeão de permanência é Francesco Totti. O meia-atacante defende a equipe principal da Roma desde 1993, ou há 24 anos – sim, estreou muito cedo no time de cima. E, na comparação com os “concorrentes” de hoje, é inalcançável.
Depois, segundo o Cies, vêm, a uma boa distância de Totti, o zagueiro John Terry, do inglês Chelsea (18 anos e meio), o goleiro Gianluigi Buffon, da italiana Juventus, e o lateral Nicolas Seube, do francês Caen (15 anos e meio cada um).
O meia Iniesta veste a camisa do espanhol Barcelona há 14 anos e meio, mesmo tempo em que goleiro Weidenfeller está na equipe adulta do alemão Borussia Dortmund.
O Cies, contudo, erra no caso de Terry, pois desconsiderou a própria regra ao desprezar a curta passagem do inglês pelo Nottingham Forest, por empréstimo, no ano 2000. O que não impede o beque de ocupar a segunda posição (16 anos e meio de sequência no Chelsea).
Mais que um ranking de longevidade, esse é de fidelidade. Só que há uma certa intersecção, pois, logicamente, o jogador que estende a carreira possui mais chance de figurar nele.
Totti tem 40 anos. Buffon, 39. Seube, 37. Terry e Weidenfeller, 36. Iniesta, um jovem perto dos outros, “só” 32.
E no Brasil? Quais jogadores estão há mais tempo em um mesmo clube, no time de cima? E há quantas temporadas?
“O Mundo é uma Bola” pesquisou, nas equipes atualmente na Série A do Brasileiro, e identificou alguns fiéis – um deles com a ajuda de um leitor. Mais precisamente, 11 – dentre os quais 8 são goleiros e 8 são trintões.
Vamos a eles (três se “eternizam” no mesmo time há 12 anos):
- Magrão, 39 anos (goleiro) – desde 2005 no Sport
- Fábio, 36 anos (goleiro) – desde 2005 no Cruzeiro
- Marcelo Grohe, 30 anos (goleiro) – desde 2005 no Grêmio
- Jefferson, 34 anos (goleiro) – desde 2009 no Botafogo
- Gum, 31 anos (zagueiro) – desde 2009 no Fluminense
- Denis, 29 anos (goleiro) – desde 2009 no São Paulo
- Vladimir, 27 anos (goleiro) – desde 2009 no Santos
- Danilo, 37 anos (meia) – desde 2010 no Corinthians
- Leo, 30 anos (zagueiro) – desde 2010 no Cruzeiro
- Diego Cavalieri, 34 anos (goleiro) – desde 2011 no Fluminense
- Rodrigo Caio, 23 anos (zagueiro/volante) – desde 2011 no São Paulo
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Em tempo 1: Dos europeus longevos citados, Buffon e Iniesta são os únicos titulares incontestes – o espanhol tem sofrido com lesões e, por isso, sido preservado em várias partidas. Seube, nesta temporada, começou 60% dos jogos como titular. Totti, Terry e Weidenfeller são reservas.
Em tempo 2: Eles já estão aposentados, mas são dignos de serem citados, pela representatividade que têm no Brasil. Marcos, o São Marcos, titular em 2002 do Brasil pentacampeão mundial, esteve no time principal do Palmeiras por 19 temporadas (de 1992 a 2011); seu contemporâneo Rogério Ceni, hoje treinador do São Paulo, foi além: integrou o elenco profissional do clube de 1992 a 2015 – incríveis 23 temporadas e meia. Ambos, você sabe, goleiros.