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No Vietnã, goleiro vira as costas em pênalti e dá cambalhota em protesto contra arbitragem

Luís Curro

O jogo estava 2 a 2 e eram 45 minutos do segundo tempo.

O time da casa ataca e tenta, no sufoco, obter o gol da vitória. Bola erguida na área, e o atacante russo Dyachenko desaba em uma disputa com o zagueiro Pham Hoàng Lâm.

O árbitro Nguyen Trong Thu aponta para a marca da cal. Pênalti para o Ho Chi Minh City.

Descrentes, os jogadores do Long An Tan An, cujo empate serviria para deixarem a última colocação do Campeonato Vietnamita, desesperam-se, não acreditam na marcação. O goleiro Nguyen Minh Nhut (que tem o mesmo sobrenome do juiz) atira com violência a bola no chão.

Como visto centenas de vezes em casos similares, as “vítimas” cercam o juiz. Em vão. O lance era mesmo duvidoso (eu não vi pênalti), porém o Long An teria de encarar a penalidade máxima, possivelmente o lance final da partida.

Depois de muitas reclamações e muitos lamentos, que paralisaram o jogo na cidade de Ho Chi Minh por alguns minutos, o argentino Ormazábal posicionou-se para bater. Ele já tinha feito de pênalti o primeiro gol do seu time, e também o segundo, com a bola rolando.

Do lado do Long An, nenhum jogador ficou próximo à área para pegar um eventual rebote. Todos ficaram perto da lateral do gramado do estádio San van dong Thong Nhat.

Apenas o goleiro Nguyen se posicionou, porém não no meio do gol, como é praxe, mas encostado em uma das traves. Ele poderia ficar lá, a regra permite, porém o árbitro Nguyen o obrigou a se reposicionar.

Insatisfeito, Nguyen goleiro foi para o meio do gol e ficou à espera do chute. A essa altura, alguns de seus companheiros, ainda revoltados, aproximaram-se e fizeram sinais para o arqueiro, que entendeu e deu as costas para a bola.

Mais uma vez, Nguyen árbitro interveio. “Vire-se”, deve ter dito ao xará.

Enfim Ormazábal foi autorizado a cobrar. E, na hora em que ele chutou, fraco, Nguyen goleiro voltou a virar-se de costas, e nem viu entrar a bola, que passou a seu lado, bem perto – um pênalti bem defensável.

Consumado o ato de protesto do Long An, bastava a Nguyen árbitro encerrar a partida. Só que não. Ele queria jogo, dar alguns acréscimos. Para quê?

Os atletas do time visitante não queriam mais jogo. Então, o que fizeram? No chute de reinício, deram a bola para um adversário e se desinteressaram.

Ninguém foi marcar Nguyen Tuan Ahn – sim, mais um Nguyen (Nguyen deve ser o Silva do Vietnã, pois ao todo no jogo eram 17, entre titulares, reservas e arbitragem). Que avançou com a bola na direção da meta do Long An, tendo pela frente só Nguyen goleiro.

“Tendo pela frente”, nesse caso, serve só como força de expressão. No momento em que Nguyen atacante entrou na área e armou o chute, Nguyen goleiro deu uma plástica cambalhota. Bola na rede, 4 a 2.

O atacante Nguyen chuta, e o goleiro Nguyen, em vez de tentar defender, dá uma cambalhota (Reprodução VTV – Vietnam Television)

Fim de jogo? Nada. Nguyen árbitro queria mais.

Nova saída, nova entrega da bola do Long An para o Ho Chi Minh. Quem avançou com ela dessa vez, sem marcação alguma, foi Dyachenko, que não perderia a chance de fazer o que seria o gol mais fácil de sua vida.

Pois dessa vez nem o camisa 1 estava no caminho do camisa 10. Nguyen goleiro abandonou a área e fez um gesto na direção do meio-campo, como se afirmasse a Nguyen árbitro: “Já virou goleada. Não tá bom?”.

Estava. Com o 5 a 2 no placar, Nguyen árbitro encerrou a partida.

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