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Presidente da Fifa faz campanha por Copa do Mundo inchada, com 48 seleções e 16 grupos

Luís Curro

Não é para agora, mas para 2026, depois das edições de 2018 e de 2022.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, planeja que a entidade aprove em reunião de seu conselho, no início do ano que vem, um novo formato de disputa para a Copa do Mundo, que elevaria o número de participantes para 48 (hoje são 32) e o de grupos para 16 (hoje são 8).

“A ideia da Fifa é desenvolver o futebol em todo o mundo, e a Copa do mundo é o maior evento que existe. É mais que uma competição, é um acontecimento social”, disse o suíço em uma visita a uma universidade de Bogotá (Colômbia), três meses atrás.

Em sua campanha para suceder o compatriota Sepp Blatter, Infantino já defendia uma ampliação no número de países no Mundial, para 40. Porém, de olho em satisfazer mais federações, a fim de angariar apoio para obter um novo mandato em 2019, ele quer ainda mais.

Nesta semana, Infantino reforçou, em um evento da Fifa em Cingapura (Ásia), a proposta de 48 nações no Mundial. E declarou que há apoio total das federações asiáticas ao novo formato.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, em Kazan (Rússia), no sorteio dos grupos da Copa das Confederações de 2017 (Maxim Zmeyev - 26.nov.2016/Reuters)
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, em Kazan (Rússia), no sorteio dos grupos da Copa das Confederações de 2017 (Maxim Zmeyev – 26.nov.2016/Reuters)

A meu ver, é preciso analisar com cuidado os prós e contras de inchar a Copa, antes de fazê-lo por mera politicagem.

A vantagem escancarada, e aparentemente única, é esta:

  • dar a oportunidade a mais seleções de participar do mais relevante campeonato de futebol do planeta.

As desvantagens, à primeira vista, são ao menos três:

  • com três seleções em cada grupo (atualmente são quatro) e duas delas se classificando, 16 times jogarão apenas duas partidas antes de voltar para casa (hoje cada participante joga pelo menos três vezes);
  • com um número ímpar de países em cada chave, a depender dos resultados das duas primeiras partidas, corre-se o risco de a terceira se tornar um “jogo de compadres”. Por exemplo, o time A ganha do time B no primeiro jogo e o time B empata com o time C no segundo jogo; no caso de um empate entre os times A e C no terceiro jogo, ambos se classificam, sendo o time B, que completou antes a participação nessa fase, prejudicado;
  • haverá datas suficientes, no período de um mês (duração atual da Copa), para acrescentar 48 jogos? Possível até é, mas será com um calendário bem mais exaustivo e à custa de mais mata-matas. Pois para os quatro melhores jogarem no máximo sete vezes (como quer a Fifa, a fim de não desagradar aos clubes, que são os “donos” dos jogadores), os 32 times restantes após a fase de grupos já serão emparceirados para duelos eliminatórios – uma segunda fase de grupos é inviável. Já pensou um Brasil x Argentina logo no primeiro mata-mata, longe, muito longe da final? É indesejado. Nesse sistema, o total de partidas do Mundial será 80 (hoje são 64), 48 na primeira fase e 32 mata-matas.

A possibilidade de modificação é um tema recente e haverá mais opiniões (de analistas esportivos, treinadores, jogadores), mas a minha está dada: sou um defensor da manutenção dos 32 participantes na Copa do Mundo – desde 1998 é assim, e a competição tem sido um sucesso e empolgado a todos.

Que as eliminatórias para o Mundial (que também costumam ser empolgantes) continuem cumprindo seu papel, que é o de afunilar e selecionar os melhores de cada continente para a disputa no país que conquista o direito de abrigá-lo (em 2018 a Rússia, em 2022 o Qatar, em 2026 a definir).

Até porque, caso a quantidade suba para 48, o nível técnico na Copa cairá, pois a intenção da Fifa é dar mais espaço no torneio a seleções de regiões periféricas, que recebem menos vagas na competição justamente porque o futebol de seus representantes ainda não alcançou a performance necessária para competir adequadamente com o das atuais potências.

O processo de equilíbrio irá acontecer, a seu tempo. Querer apressá-lo inchando a Copa não é o caminho correto. Em vez disso, a Fifa deveria investir em infraestrutura nos países menos desenvolvidos, o que geraria massificação e evolução nos mesmos.

Que haja bom senso e a Copa do Mundo fique do jeito que está.

Em tempo: Entre 1982 e 1994, 24 seleções jogaram a Copa do Mundo. Em 1934 e de 1954 a 1978, foram 16 países. Em 1930, na primeira edição, e em 1950, na primeira Copa no Brasil, 13. E em 1938, 15 seleções.

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