Brasil volta nesta semana ao palco do maior vexame, onde nunca perdeu da Argentina
Há a expectativa para que o duelo seja, disparado, o jogo do ano: Brasil x Argentina, nesta quinta (10), às 21h45 (de Brasília), no estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Rússia-2018.
A seleção brasileira retornará pela primeira vez ao estádio da capital mineira onde sofreu a pior vergonha de sua história: o 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014.

Já se vão dois anos e quatro meses, mas parece que foi ontem. Esquecer é impossível, e nesta semana, com a aproximação do reencontro com o Mineirão, a lembrança fica ainda mais viva.
Fosse o jogo uns meses atrás, haveria enorme preocupação, medo até. Afinal, além de as memórias serem péssimas, o rival não ajudaria. A Argentina é o principal adversário da seleção canarinho. Osso duro de roer, sempre.
Hoje, no entanto, há motivo para otimismo dos brasileiros.
A seleção está em alta desde que Tite assumiu.
São quatro vitórias em quatro jogos (Equador, Colômbia, Bolívia e Venezuela), todos pelas eliminatórias. Doze gols a favor, somente um contra.
Além disso, a Argentina vive um momento muito ruim.
Não ganha há três jogos (dois empates e uma derrota) e está fora da zona de classificação para o Mundial. Na semana que passou, caiu para o sexto lugar devido a uma punição da Conmebol à Bolívia por escalação irregular de jogador – o Chile ganhou dois pontos e ultrapassou a Argentina.
E há o retrospecto.
Jamais os brasileiros perderam para os argentinos no Mineirão. De acordo com informações da Confederação Brasileira de Futebol, são quatro jogos. Três vitórias do Brasil e um empate.
As vitórias:
- 3 a 2, em amistoso em agosto de 1968. Marcaram para o Brasil do técnico Zagallo, que atuou com um combinado mineiro, Dirceu Lopes, Evaldo e Rodrigues.
- 2 a 1, pela Copa América, em agosto de 1975. Marcou para o Brasil do treinador Osvaldo Brandão, que mais uma vez atuou com um combinado mineiro, Nelinho, duas vezes, uma de falta e outra de pênalti.
- 3 a 1, pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Alemanha-2006, em junho de 2004. Marcou para o Brasil, três vezes (todas de pênalti), Ronaldo Fenômeno. O técnico era Carlos Alberto Parreira. Sorín, hoje comentarista esportivo, fez o gol argentino.

O empate:
- 0 a 0, pelas eliminatórias da Copa do Mundo da África do Sul-2010, em junho de 2008. O treinador era Dunga, em sua primeira passagem pela seleção. Do time do Brasil que irá a campo na quinta, nessa partida atuou Daniel Alves (entrou no decorrer do jogo). Pela Argentina, foram titulares os então jovens Mascherano e Messi.
Ainda conforme dados fornecidos pela CBF, a seleção brasileira tem vantagem geral no confronto com a da argentina, que foi jogado pela primeira vez em 1914: 40 vitórias, 25 empates e 36 derrotas. E também em partidas por eliminatórias de Copa do Mundo: três vitórias, dois empates e duas derrotas, com 12 gola a favor e 9 contra.
Nestas eliminatórias, no primeiro turno, o Brasil de Dunga não jogou bem e escapou de perder com um gol marcado por Lucas Lima, no segundo tempo: 1 a 1.
Agora, por mais que uma velha máxima do futebol diga que “em clássico não há favorito”, é inegável que o Brasil entrará em campo no Mineirão em condições mais favoráveis.
Só não pode se deixar abalar pelo 7 a 1, que será exaustivamente lembrado até a hora da partida, nem pela presença de Messi, que não participou da série de três jogos sem vitória da Argentina – regressa agora, e em fase excelente (oito gols em seis jogos desde o retorno da lesão).
Será, por fim, um jogo que pode ser um divisor de águas na caminhada de Tite à frente da seleção.
O treinador vive um processo crescente de idolatria, afinal, em dois meses tirou o Brasil do sexto lugar e o colocou na liderança das eliminatórias sul-americanas.
Ele já disse que a preocupação com essa partida é imensa e que tem perdido o sono por causa dela. E que espera ver o Brasil continuar a evoluir, jogando um futebol convincente.
O que é ser convincente? Respondo: dominar as ações, pressionar o adversário (com e sem a bola), criar oportunidades por meio de variações de jogadas, ter um toque de bola rápido para furar a defesa portenha (pois a Argentina, é quase certo, se retrancará e viverá de contra-ataques), ter intensidade, determinação e raça.
A verdade é esta: se o Brasil ganhar da Argentina, jogando bem ou mal, Tite se aproximará ainda mais do olimpo – haverá quem já o colocará lá. Se, contudo, perder, o processo de endeusamento será abortado, e ele será considerado apenas um reles mortal.
Em tempo: Você sabe quem foi Magalhães Pinto, a pessoa que dá nome ao Mineirão? José de Magalhães Pinto (1909-1996) foi governador de Minas Gerais de 1961 a 1966, além de deputado federal, senador e ministro das Relações Exteriores. O Mineirão, inaugurado em 1965, foi batizado em homenagem ao político.