Apelo de filha no Facebook salva ídolo egípcio de processo por agressão
Hossam Hassan é o maior artilheiro da história da seleção egípcia. Em 169 jogos, entre 1985 e 2006, anotou 69 gols.
Conquistou 14 campeonatos nacionais (11 pelo Al-Ahly e 3 pelo Zamalek) e, pelo Egito, três Copas Africanas de Nações (1986, 1998 e 2006, esta última com 40 anos e como capitão do time).
Esteve na Copa do Mundo de 1990, na Itália, quando um valente time egípcio empatou dois jogos (Holanda e Irlanda) e perdeu um (Inglaterra), sendo eliminado na primeira fase.

Tanto quanto vitorioso, Hassan sempre foi explosivo, tendo problemas de relacionamento com colegas e treinadores e dando muito trabalho aos árbitros nas partidas.
Aposentado, seguiu carreira como técnico. Atualmente dirige o Al-Masry, da cidade de Porto Said.
Neste mês, no empate por 2 a 2 com o Ghazl Al Mahalla, em Ismailia, pelo Campeonato Egípcio, Hassan, hoje com 49 anos, relembrou seus tempos de brigão.
O final do jogo foi emocionante. Aos 47 minutos do segundo tempo, Mohamed Ali (homônimo do lendário pugilista morto recentemente) colocou o time da casa na frente. Aos 49 minutos, porém, Mohamed Mosaad empatou para o Al-Masry.
À beira do campo, começou uma discussão entre os bancos das duas equipes, e formou-se um tumulto. Hassan estava no meio e, próximo, um fotógrafo registrava o entrevero.
Quando Hassan percebeu, disparou na direção de Reda Abdelmaged, que correu por cerca de 3o metros, da lateral do campo até uma das pequenas áreas, com o treinador em seu encalço, antes de escorregar e cair.
Hassan arrancou-lhe a câmera das mãos e tentou dar-lhe um chute na cabeça. Dezenas que correram atrás o afastaram. Sobrou para a câmera. Hassan atirou-a com violência no chão.
O momento de ira, contudo, não foi ignorado pelas autoridades. Hassan foi preso, acusado de agressão, e assim ficaria até julgamento, que poderia resultar em uma temporada longa na cadeia.

Acabou salvo, de modo inusitado, por Jana, sua filha. Ela postou em uma rede social um texto que sensibilizou Abdelmaged.
“Eu vi que a filha de Hassan escreveu no Facebook que estava triste porque seu pai poderia ficar preso. Essas palavras me tocaram”, afirmou o fotógrafo, que decidiu retirar a acusação.

Hassan ficou detido quatro dias. Pagou multa equivalente a € 50 (R$ 81) para ser solto e uma outra, de US$ 1.100 (R$ 3.571), aplicada pela Federação Egípcia de Futebol por comportamento inadequado, além de ter sido suspenso por três partidas.
O coração aflito de uma filha amoleceu o coração de um fotógrafo que depois se revelou fã do ex-artilheiro: “Eu o amo porque fez o povo egípcio feliz”.
Que esses atos sirvam de exemplo para Hassan dar, por seu lado, bons exemplos para Jana.
Exercitar o autocontrole será um bom começo.