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Decisão da Eurocopa tem três duelos fundamentais

Luís Curro

Chegou o dia. França e Portugal decidem neste domingo (10), no Stade de France, em Saint-Denis, a partir das 16 horas (de Brasília), a Eurocopa de 2016.

Os franceses são favoritos, por jogar em casa, por terem mais tradição, por terem mais qualidade individual, por terem apresentado um futebol melhor ao longo da Euro, por terem eliminado a Alemanha, atual campeã mundial, na semifinal, por terem o artilheiro da competição (Griezmann, com seis gols), por terem ótimos jogadores no meio-campo e no ataque.

Portugal, circunstancialmente, caiu no lado mais fraco da chave nos mata-matas, não tendo enfrentado até aqui nenhum campeão mundial. Parece que não chegaria à final, mas chegou, e não tem nada a perder. O vice não será catastrófico (poderá parecer para a França), e o título será inédito e histórico. Será o jogo da vida de Cristiano Ronaldo, escolhido três vezes o melhor do mundo (2008, 2013 e 2014) em eleições da Fifa.

Na minha análise, há duelos que podem ser decisivos para o resultado da partida. Vamos a eles.

Cristiano Ronaldo x Koscielny/Umtiti

Cristiano Ronaldo, superastro do Real Madrid, geralmente dá tudo de si, em qualquer partida.

Na final da Euro, dará mais que o máximo.

Aos 31 anos, é provavelmente a última chance que tem de conquistar um título com a seleção principal de seu país. Doze anos atrás, ainda moleque, teve a primeira, mas Portugal, em casa e favorito, perdeu por 1 a 0 a decisão para a Grécia.

Atacante completo (chuta bem com os dois pés, é perigosíssimo nas cobranças de falta, é exímio cabeceador, é habilidoso e é, ainda, velocíssimo), terá pela frente os zagueiros Koscielny (30 anos, do Arsenal) e Umtiti (22 anos, do Lyon).

O primeiro é bom zagueiro, seguro por baixo, mas sofrerá nas jogadas pelo alto.

O segundo tornou-se titular a partir das quartas de final, aproveitando-se da suspensão de Rami (oito anos mais velho). Não comprometeu, mas terá um teste de fogo logo na terceira partida que começará jogando pela seleção adulta.

Fisicamente, Cristiano Ronaldo é mais forte que os dois beques franceses. É também mais veloz.

Se Portugal conseguir emplacar contra-ataques, pois a França deve dominar a posse de bola, as jogadas mano a mano podem render bons frutos para os portugueses.

Giroud x Pepe

Esse é um duelo do qual devem sair faíscas.

Giroud (29 anos, Arsenal) é o centroavante da França. Vigoroso, compensa a técnica limitada com raça infinita.

Nesta Euro, marcou três gols, dois deles de cabeça, seu melhor fundamento.

Na decisão, fará um confronto de titãs com Pepe (33 anos, Real Madrid), brasileiro com cidadania portuguesa conhecido pelo futebol brucutu.

A disputa já começa pelo visual. O “galã” Giroud, topetudo, barbudo e narigudo, contra o “cara de mau” Pepe, barba feita ou por fazer, careca e nariz… normal.

Pepe não amacia. Tentará intimidar Giroud, afastá-lo da área.

O francês terá de ser inteligente para resistir às pancadas e possíveis provocações do português e emocionalmente forte para não revidar.

Se conseguir, não será surpresa Pepe se exaltar e, após uma falta violenta, acabar expulso.

Griezmann x Todos

O atacante de 25 anos do Atlético de Madri está voando. Nos mata-matas, fez cinco dos seus seis gols na Euro.

Contra a Irlanda, nas oitavas, a França começou perdendo e sofria para furar a retaguarda rival. Griezmann apareceu e resolveu. Marcou dois gols em cinco minutos e virou o jogo: 2 a 1.

Diante da Alemanha, na semifinal, não se intimidou por ter à frente o melhor goleiro do mundo (Neuer): cobrou um pênalti com classe e, oportunista, aproveitou falha do camisa 1 alemão para fechar o placar: 2 a o.

Canhoto. Rápido. Participativo. Finalizador preciso. Esse é Griezmann.

Como Portugal irá pará-lo? Excelente questão.

Na marcação por zona, Irlanda, Islândia e Alemanha se deram mal. Colocará o treinador Fernando Santos um jogador para cuidar especificamente de Griezmann?

Os volantes William Carvalho ou Danilo Pereira (só um deles será titular) poderiam perseguir o artilheiro francês. Anulá-lo aumentará significativamente a chance lusa.

Mas é improvável que isso aconteça. Portugal marcou por zona durante toda a Euro, é muito difícil mudar. Desse modo, todos do time terão de se desdobrar para evitar que Griezmann desequilibre.

Que Griezmann desequilibre é o que esperam os franceses e seus simpatizantes: que volte a fazer gol(s) e seja determinante para a França faturar sua terceira Eurocopa – as outras foram em 1984, com Platini, e em 2000, com Zidane.

Já há quem diga que, por suas atuações até aqui na Eurocopa, ele tem chance de destronar Messi e Cristiano Ronaldo e ganhar a Bola de Ouro de 2016.

Não tenho essa convicção. Terei se Griezmann fizer uma final memorável.

Em tempo: E Pogba, de 23 anos, incensado como o craque desse time francês? Depois de quatro jogos com atuação discreta, o meia da Juventus cresceu nas quartas de final e na semifinal. Mais de uma vez ele declarou querer se tornar “uma lenda” do futebol, como Pelé e Maradona. Eis uma oportunidade de ouro para começar a trilhar o caminho.

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