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Kosovo ganha o primeiro jogo após entrar para a família Fifa

Luís Curro

No mês passado, a República do Kosovo conseguiu um duplo avanço no futebol.

O  território incrustado na antiga Iugoslávia, que obteve a independência da Sérvia em 2008, teve sua confederação, e consequentemente sua seleção, reconhecida pela Uefa (entidade que rege o esporte na Europa) e depois pela Fifa (que controla o futebol no mundo).

Tornou-se, assim, o 210º integrante da família Fifa. E, três semanas depois, entrou em campo para um momento histórico: a primeira partida nessa condição.

Aconteceu na sexta (3), em Frankfurt, na Alemanha. Um amistoso contra as Ilhas Faroë, que ocupam a 89ª posição no ranking da Fifa.

Bunjaku (es.) e Perdedaj comemoram gol do Kosovo contra as Ilhas Faroë em Frankfurt (Kai Pfaffenbach - 3.jun.2016/Reuters)
Bunjaku (esq.) e Perdedaj comemoram gol do Kosovo contra as Ilhas Faroë em Frankfurt (Kai Pfaffenbach – 3.jun.2016/Reuters)

Pensei que haveria ampla cobertura e repercussão desse jogo histórico nos sites de esporte, porém isso não aconteceu. Só localizei quatro reportagens na mídia internacional, três delas (de BBC, Sky Sports e Sport News) com menos de dez parágrafos. A da agência de notícias Reuters era a menos curta, com 16 parágrafos. Na mídia nacional, não achei nada.

É curioso esse suposto desinteresse, pois o Kosovo é uma novidade no mundo da bola, e estou certo de que nos próximos meses haverá histórias a serem contadas, em detalhes, sobre essa partida e sobre o futebol do país, como um todo.

A respeito desse jogo, as poucas informações disponíveis permitem duas constatações.

A primeira, óbvia: o Kosovo venceu as Ilhas Faroë, por 2 a 0, gols de Bunjaku (do St. Gallen, da Suíça), de cabeça, em lance de bola parada, aos 44 minutos do primeiro tempo, e de Rashani (do Rosenborg, da Noruega), em chute de dentro da grande área, aos 49 minutos do segundo tempo.

A segunda, não tão óbvia assim: a seleção kosovar sofreu para alcançar esse resultado. Teve um jogador (Celina, do inglês Manchester City) expulso aos 37 minutos do primeiro tempo. Ou seja, com um a menos, o Kosovo marcou um gol e se desdobrou para segurar o resultado até ficar com o mesmo número de jogadores – aos 36 minutos do segundo tempo, Petersen levou o cartão vermelho por falta violenta.

Quando Rashani fez o gol que assegurou o triunfo, houve comoção entre jogadores e comissão técnica. Alguns não sabiam direito para que lado correr, a quem abraçar; outros ajoelharam-se no gramado do estádio Frankfurter Volksbank. Uma bandeira kosovar apareceu no campo.

Kosovo 2 x 0 Ilhas Faroë (Reprodução YouTube)
Kosovo 2 x 0 Ilhas Faroë (Reprodução YouTube)

Um grande momento do esporte. Merecedor até de um documentário, mesmo que seja um curta-metragem. Tomara alguém tenha essa ideia, e tomara alguém tenha filmado esse jogo – inteiro.

Sobre o que vem pela frente, o treinador Albert Bunjaki é realista e otimista: “Teremos que trabalhar duro, mas posso afirmar que o Kosovo terá um grande futuro no futebol”.

O reconhecimento pela Fifa significa que o Kosovo (assim como Gibraltar, território britânico no sul da Península Ibérica que também em maio tornou-se membro da Fifa, o 211º) tem direito a disputar as eliminatórias europeias para a Copa do Mundo da Rússia-2018.

Espero que isso aconteça. Pois os grupos já estão definidos, a tabela já foi montada (os primeiros confrontos são em setembro), e até agora nada de Kosovo e Gibraltar aparecerem em um deles.

Não é difícil, basta querer: são nove grupos, e sete deles têm seis seleções cada um; nos outros dois, há cinco seleções, ou seja, o espaço exato para os “caçulas” da família Fifa.

Em tempo: Desde que se declarou independente da Sérvia, em fevereiro de 2008, o Kosovo foi reconhecido por 110 Estados-membros das Nações Unidas – o Brasil não está entre eles.

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