Campeonato Chinês começa com 23 brasileiros, 22 do meio para a frente

Luís Curro

Muito falada desde o fim de 2015 por contratar jogadores do campeão brasileiro Corinthians, a China, país mais populoso do mundo (perto de 1,36 bilhão de habitantes), mas longe de ser uma potência no futebol, dá a largada nesta sexta (4) ao seu campeonato.

Serão 23 brasileiros divididos em 16 clubes, e 22 deles atuam no meio-campo ou no ataque. Nas posições de defesa (goleiro, lateral e zaga), há apenas um representante, o zagueiro Gil. O que mostra que os chineses buscam no pé de obra canarinho o talento de atletas cuja obrigação não é marcar, mas criar e fazer gols, ou seja, dar espetáculo.

Gil é um dos que deixaram o Corinthians para faturar alto na China – defende o Shandong Luneng. O salário de outro ex-corintiano, Renato Augusto, por exemplo, é de R$ 2 milhões. Ralf, mais um que debandou do Parque São Jorge, atuará junto com Renato Augusto no Beijing Guoan.

Jadson, o quarto do elenco que conquistou o Brasileiro em 2015 a migrar para a China, não entra nessa lista de 23. Assim como Luis Fabiano, ex-São Paulo, ele atuará por uma equipe da segunda divisão, o Tianjin Quanjian, que é comandado por Vanderlei Luxemburgo.

Na elite chinesa há dois treinadores brasileiros, que como Luxemburgo já comandaram a seleção brasileira: Luiz Felipe Scolari, do Guangzhou Evergrande, atual pentacampeão da Super Liga (como é chamado o Campeonato Chinês), e Mano Menezes, do Shandong Luneng, que é a equipe com mais brasucas, quatro – além de Gil, o volante Jucilei e os atacantes Diego Tardelli e Aloisio “Boi Bandido”.

A fatia de brasileiros na elite chinesa é considerável na soma de todos os estrangeiros. Dos 88 não chineses, 26% são do Brasil, ou um a cada quatro. O segundo país com mais forasteiros é a Coreia do Sul (9). Curiosamente, não há um único goleiro importado entre os 60 listados pelos 16 times.

Jogadores estrangeiros famosos? Alguns têm certo renome, já estiveram em conhecidos clubes europeus. Para citar gente que participou da Copa do Mundo de 2014, no Brasil: Lavezzi (Argentina, ex-PSG) e Gervinho (Costa do Marfim, ex-Roma), do Hebei Fortune; Tim Cahill (Austrália, ex-Everton), do Hangzhou Greentown; Guarín (Colômbia, ex-Inter de Milão), do Shangai Shenhua; Asamoah Gyan (Gana, ex-Sunderland), do Shangai SIPG; Jackson Martínez (Colômbia, ex-Atlético de Madri) e Paulinho (Brasil, ex-Tottenham), do Guangzhou Evergrande.

E há dois argentinos que fizeram sucesso em clubes brasileiros, ambos meias: Conca (Shangai SIPG), campeão brasileiro com o Fluminense em 2010, e Montillo (Shandong Luneng), vice-campeão com o Cruzeiro, também em 2010. Vale ainda citar o atacante boliviano Marcelo Moreno (Changchun Yatai), campeão do Brasileiro-2014 pelo Cruzeiro.

Entre os treinadores, os de fora da China dominam: são 13 de 16 (81%). Apenas três clubes contam com um local na prancheta. Há três sul-coreanos, três sérvios, dois brasileiros, um espanhol, um búlgaro, um romeno, um italiano e um sueco (este, Sven Goran Eriksson, pode ser que você se lembre: foi o treinador da Inglaterra derrotada pelo Brasil pentacampeão, com Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e companhia, nas quartas de final da Copa de 2002).

Leia também – Convocar ou não convocar quem joga na China?

A seguir, time por time, os brasileiros na primeira divisão da Super Liga de 2016.

Beijing Guoan

Ralf (volante), Renato Augusto (meia), ambos ex-Corinthians (2015); Kléber (atacante), ex-Palmeiras (2013)

Changchun Yatai

Nenhum

Chongqiing Lifan

Jael (atacante), ex-Joinville (2015); Fernandinho (atacante), ex-Madureira (2014)

Guangzhou Evergrande

Paulinho (volante), ex-Corinthians (2013); Alan (atacante), ex-Fluminense (2010); Ricardo Goulart (atacante), ex-Cruzeiro (2014)

Técnico: Luiz Felipe Scolari

Guangzhou R&F

Bruninho (atacante), ex-Caxias (2014); Renatinho (atacante), ex-Ponte Preta (2011)

Hangzhou Greentown

Denilson Gabionetta (meia), ex-Hortolândia (2006); Anselmo Ramon (atacante), ex-Cruzeiro (2013)

Hebei Fortune (promovido da segunda divisão)

Nenhum

Henan Jianye

Ivo (meia), ex-Criciúma (2013)

Alex Teixeira, ex-Shakhtar Donetsk, em treino do Jiangsu Suning (18.fev.2016/Associated Press)
Alex Teixeira, ex-Shakhtar Donetsk, em treino do Jiangsu Suning (18.fev.2016/Associated Press)

Jiangsu Suning

Ramires (volante), ex-Cruzeiro (2009); Alex Teixeira (meia), ex-Vasco (2009); Jô (atacante), ex-Atlético-MG (2015)

Liaoning Whowin

Nenhum

Shandong Luneng

Gil (zagueiro), ex-Corinthians (2015); Jucilei (volante), ex-Corinthians (2011); Diego Tardelli (atacante), ex-Atlético-MG (2014); Aloisio (atacante), ex-São Paulo (2013)

Técnico: Mano Menezes

Shangai SIPG

Elkeson (atacante), ex-Botafogo (2012)

Shangai Shenhua

Nenhum

Shijiazhuang Ever Bright

Diego Maurício (atacante), ex-Bragantino (2015)

Tianjin Teda

Wagner (meia), ex-Fluminense (2015)

Yanbian Funde (promovido da segunda divisão)

Nenhum

Em tempo 1: Com o intuito de dar oportunidade aos jogadores locais, a liga chinesa tem uma regra que permite a cada time ter em campo um máximo de quatro atletas estrangeiros em cada partida.

Em tempo 2: Respectivamente primeiro, segundo e terceiro colocados no campeonato de 2015, Guangzhou Evergrande, Shangai SIPG e Shandong Luneng disputam a Liga dos Campeões da Ásia, já em andamento, cujo campeão se classifica para o Mundial de Clubes da Fifa.

Em tempo 3: Ricardo Goulart foi eleito o melhor jogador do Chinês-2015; Aloisio “Boi Bandido” foi o artilheiro, com 22 gols; e Felipão, o melhor técnico do campeonato. 

Em tempo 4: Dá pra assistir aos jogos do Chinês na TV? Não. Por enquanto, nenhuma emissora adquiriu os direitos de transmissão para o Brasil.

Em tempo 5: Conforme alertou um leitor nos comentários, não há nenhum goleiro não chinês nos elencos das equipes porque é proibido, devido a uma regra do campeonato.