Rival do São Paulo na Libertadores é uma potência em seu estádio
Já ouvi muita gente minimizar a importância das estatísticas no futebol.
É verdade que os números não entram em campo nem ganham jogo, mas é verdade também que os números servem para conhecer melhor cada time, descobrir quais são seus pontos fortes (ou fracos), que jogadores estão em bom (ou mau) momento, se a torcida é um fator que pode (ou não) fazer a diferença.
Por exemplo: nesta quarta (3), o São Paulo Futebol Clube, ou simplesmente São Paulo, três vezes campeão da Libertadores, faz sua estreia na competição diante do inexpressivo Club Deportivo Universidad César Vallejo, ou simplesmente César Vallejo, apenas em sua segunda participação no torneio continental.
Teoricamente, o São Paulo se deu bem no sorteio dos duelos da primeira fase, popularmente conhecida como Pré-Libertadores, disputada em mata-mata (jogos de ida e volta).
É favoritaço para avançar à fase de grupos, afinal, mesmo sem o aposentado Rogério Ceni, tem jogadores que já defenderam a seleção brasileira, como Ganso e Michel Bastos, reforços estrangeiros, como o zagueiro uruguaio Lugano, o atacante argentino Calleri e o lateral chileno Mena, e um técnico, o argentino Edgardo Bauza, apelidado El Patón, que faturou duas Libertadores, com LDU (em 2008) e San Lorenzo (em 2014).
Paralelamente, o time do Peru, apenas o terceiro colocado no campeonato nacional do país em 2015, não tem tradição, conta com um elenco modesto e seu treinador, o peruano Fernando Navarro, é um desconhecido da ampla maioria dos fãs de futebol.

Só que, e geralmente sempre há um “só que”, o César Vallejo é uma potência atuando em seu estádio, o Mansiche, na cidade de Trujillo (noroeste peruano, a quase 500 km da capital, Lima).
Em 2015, atuou como mandante em 25 partidas e ganhou nada menos que 19. Empatou três e perdeu outras três. O aproveitamento de pontos foi de 80%. Marcou 51 gols (média superior a dois por jogo) e levou 22 (média inferior a um por jogo).
E isso sem contar com uma grande torcida – pelo contrário. O Mansiche pode receber quase 25 mil pessoas, e o público médio do César Vallejo no Peruano do ano passado foi inferior a 2.000 por partida (somente 8% de ocupação, em média).
São estatísticas.
Como visitante em 2015 (por Paulista, Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro), o São Paulo ganhou 11 vezes, empatou 5 e perdeu 18, um aproveitamento de 35% dos pontos. Sofreu 49 gols (a defesa é uma das preocupações de Bauza) e anotou 36.
De cada três partidas disputadas longe do Morumbi, o São Paulo só ganhou uma. Em 14 dos 34 jogos (ou 2 em cada 5), não conseguiu fazer um mísero gol.
São mais estatísticas.
Números, números, números… Que dizem que o mais provável é o César Vallejo ganhar.
E por 2 a 1.
Só que o futebol, e aí é que está a graça, não é exato. Assim, nesta noite, o São Paulo pode perfeitamente “surpreender”, derrotar o César Vallejo e até mesmo aplicar uma goleada histórica.
Mas que não é o mais provável, não é.
Em tempo: Globo (para SP), Fox Sports e SporTV transmitem o jogo, às 21h45.