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No adeus à bola, estrela do futebol feminino pede Klinsmann fora da seleção dos EUA

Luís Curro

Abby Wambach, de 35 anos, é uma mulher de personalidade forte.

Ao longo de 14 anos defendendo os EUA, ela não só se transformou na principal artilheira da história de uma seleção (masculina ou feminina), com 184 gols em 255 partidas, como era uma líder nata, aquela que fazia as preleções no vestiário e encorajava as companheiras a lutar com todas as forças pela vitória.

Com Abby, uma primorosa cabeceadora, as norte-americanas se sagraram uma vez campeãs mundiais (em 2015) e duas vezes campeãs olímpicas (em 2004 e em 2012). Seu principal título individual foi ter sido eleita a melhor jogadora do ano pela Fifa em 2012.

A carreira dessa atacante loira, de 1,80 m, chegou ao fim na noite desta quarta (16), no amistoso em que os EUA enfrentaram a China em Nova Orleans.

Abby Wambach durante sua despedida, em jogo em Nova Orleans (Chris Graythen - 16.dez.2015/AFP)
Abby Wambach durante sua despedida, em jogo em Nova Orleans (Chris Graythen – 16.dez.2015/AFP)

A fama e respeito conquistados por Abby, homossexual assumida (é casada com outra jogadora de futebol desde 2013), a permitem falar abertamente sobre qualquer assunto e inclusive tecer críticas a quem a incomoda – no caso, o futebol masculino dos EUA, que nunca ganhou Copa do Mundo ou Olimpíada.

Houve, além da cartolagem em geral, um alvo específico: Jürgen Klinsmann, 51 anos, loiro como ela, o alemão que comanda a equipe desde 2011.

“Definitivamente, eu demitiria Jürgen”, disse a goleadora em entrevista ao colunista esportivo Bill Simmons, da HBO.

Abby discorda da política de Klinsmann de dar espaço a jogadores com dupla nacionalidade: “Eu sinceramente não concordo com o jeito como ele introduziu uma penca de caras estrangeiros (na seleção).”

Klinsmann tem convocado um liberiano (Darlington Nagbe), um norueguês (Mix Diskerud) e dois alemães (Fabian Johnson e Jermaine Jones).

Para Abby, o treinador também não dá a devida atenção às categorias de base e tem um ego que prejudica o time – outras razões para dispensá-lo.

Klinsmann não fez comentários imediatos às críticas da estrela, que se aposentou com uma derrota por 1 a 0 para as chinesas.

Klinsmann observa o time dos EUA em treino em Saint Louis (Jeff Roberson - 12.dez.2015/Associated Press)
Klinsmann observa o time dos EUA em treino em Saint Louis (Jeff Roberson – 12.dez.2015/Associated Press)

Em tempo 1: O gol de cabeça mais famoso de Abby Wambach ocorreu nas quartas de final da Copa do Mundo de 2011, na Alemanha. O adversário era o Brasil de Marta e companhia. Nos acréscimos do segundo tempo da prorrogação, Abby empatou a partida. Nos pênaltis, deu EUA. Foi uma das mais doídas derrotas da seleção brasileira feminina.

Em tempo 2: Como jogador, Klinsmann foi um dos melhores atacantes que já vi em campo, defendendo especialmente o Stuttgart e a Inter de Milão. Chutava com as duas pernas, corria muito, cabeceava bem, era raçudo e esbanjava emoção em campo. Foi um dos destaques da Alemanha campeã do mundo na Itália, em 1990. Como treinador, conduziu a seleção alemã ao terceiro lugar na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Com os EUA, ganhou a Copa Ouro da Concacaf em 2013 e caiu nas oitavas de final da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Seu trabalho passou a ser contestado de forma geral e o quadro piorou depois de os EUA perderem partida em outubro, para o México, que valia vaga na Copa das Confederações de 2017, na Rússia.

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