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Neymar descobre que pênalti à la Sócrates é falível

Luís Curro

Dois dias atrás, pela Champions League, em mais uma grande apresentação o Barcelona, líder do Espanhol, massacrou a Roma, quarta colocada no Italiano, por 6 a 1 no Camp Nou.

Do celebrado trio MSN (Messi-Suárez-Neymar), apenas o brasileiro não balançou as redes. Tanto o argentino como o uruguaio fizeram dois gols.

Neymar teve sua chance, em pênalti, só que bateu mal. O goleiro polonês Szczesny rebateu, e no rebote outro brasileiro, o lateral Adriano, fez o gol.

Sczcesny, da Roma, salta para defender pênalti batido por Neymar (Lluis Gene - 24.nov.2015/AFP)
Sczcesny, da Roma, salta para defender pênalti batido por Neymar (Lluis Gene – 24.nov.2015/AFP)

Esse era um pênalti especial, que Neymar não poderia ter errado. Na ausência por lesão de Messi (foram quase dois meses), o craque brasileiro se tornou o responsável pelas cobranças.

Tanto que Messi, depois do jogo, questionado sobre a razão de não ter batido o pênalti, respondeu que foi porque Neymar vinha acertando as tentativas.

De fato: fez quatro gols de pênalti, um contra o Sevilla, dois contra o Rayo Vallecano (em partidas pelo Espanhol) e um contra o Bate (na Champions).

Porém, a partir do duelo diante do Rayo, Neymar mudou seu estilo de cobrança. Em vez de se posicionar na entrada da área e correr na direção da bola, dando uma “meia paradinha” no caminho, a fim de observar a movimentação do goleiro, passou a tomar apenas um passo de distância dela.

Exatamente como Sócrates, o Doutor, grande ídolo do Corinthians que morreu em 2011, fez na Copa de 1986, no México. Marcou um gol assim contra a Polônia, nas oitavas de final.

Garoto ainda, achei de cara algo diferente, inovador, estiloso… até que, na disputa de pênaltis diante da França, nas quartas de final, Sócrates desperdiçou – o goleiro Joel Bats não teve dificuldade para defender.

E ali, garoto ainda, eu concluí: há uma clara desvantagem para o batedor que adota esse estilo, pois, ao tomar distância quase nenhuma da bola, perde-se potência no chute e, se o goleiro acertar o canto, certamente evita o gol.

É arriscado demais – assim como a cavadinha o é.

Então, quando Neymar começou a cobrar pênaltis dessa maneira, pensei: será questão de tempo, não muito, para dar errado.

Deu nesta terça (24), e o que se viu foi um Neymar naturalmente decepcionado após o lance, tanto que nem correu na direção de Adriano para festejar o gol do companheiro.

Neymar insistirá nesse “novo” jeito, bem pouco recomendável, em suas cobranças de pênalti?

Talvez demore um pouco para sabermos, pois ele perdeu o único argumento (a sequência de acertos em penalidades máximas) que tinha para “convencer” Messi a não se dirigir para a marca da cal.

(Reprodução/Twitter Neymar)
(Reprodução/Twitter Neymar)

Em tempo: Neymar postou em rede social, nesta semana, uma frase na qual diz acreditar “demais na sorte” e ter constatado que, quanto mais “duro” trabalha, mais sorte tem. Concordo. No futebol, só talento não basta, é preciso pegar firme nos treinamentos para aperfeiçoar a técnica e o físico. E pênalti também é treino, não é “loteria”, como tanto se fala por aí. Pênalti bem batido, com força, em um dos ângulos, não há goleiro que pegue.

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