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Brasileiro supera ‘escândalo’ e é artilheiro em time do Azerbaijão

Luís Curro

“Escândalo no Azerbaijão elimina Qarabag”

Esse foi o título do jornal esportivo luso “Record” em reportagem no dia 11 de dezembro de 2014, quando um erro crasso da arbitragem tirou da Liga Europa a equipe do Azerbaijão.

Aos 48 minutos do 2º tempo, o Qarabag, jogando em casa (Baku, a capital do país), com o estádio lotado por mais de 30 mil pessoas, pressionava a Inter de Milão em busca do gol da vitória que o classificaria para os mata-matas.

Bola cruzada na área, o brasileiro Richard Almeida, zero gol marcado nas sete partidas do time na competição (incluindo as duas da fase preliminar), fica com a sobra e, quase tropeçando, chuta. A bola desvia em um rival e para nas redes. 1 a 0. Festa.

Mas o auxiliar avisa seu compatriota, o árbitro tcheco Miroslav Zelinka, que havia impedimento na jogada. Gol anulado. Só que não havia impedimento. A arbitragem errava. Revolta.

Depois da partida, em entrevista à ESPN Brasil, Richard desabafou: “Fomos roubados. Acabou o jogo, eu fiquei doido para bater no bandeirinha. Mas parei pra pensar, pra não estragar meu trabalho, pegar uma suspensão alta. Fui pra dentro (do vestiário), dei um soco na parede, quebrou tudo”.

Meses depois, o Qarabag voltou à Liga Europa, o segundo interclubes em importância no velho continente, e Richard é o grande nome da equipe.

Nas últimas dez partidas em que atuou pelo time, desde 10 de agosto, sendo seis pelo campeonato nacional e quatro pela Liga Europa, só não fez gol em três. Nas outras sete, marcou ao todo nove gols.

À exceção de Neymar, não há brasileiro participante da Champions League ou da Liga Europa que nos últimos dez jogos tenha sido tão artilheiro.

Neymar anotou dez gols – oito pelo Barcelona, quatro em uma só partida, e dois pela seleção brasileira (em amistoso contra os EUA).

Willian, do Chelsea, fez seis gols em suas dez partidas mais recentes – quatro pelo clube inglês e dois pelo Brasil, na vitória por 3 a 1 contra a Venezuela pelas eliminatórias na Copa de 2018. A mesma marca tem Fernandão, ex-Bahia, Atlético-PR e Palmeiras, pelo Fenerbahce, da Turquia.

Richard fez gol de pênalti contra o Tottenham na Liga Europa (Frank Augstein - 17.set.2015/Associated Press)
Richard fez gol de pênalti contra o Tottenham na Liga Europa (Frank Augstein – 17.set.2015/Associated Press)

Richard tem 26 anos. É paulistano. É canhoto.

Não chegará, nem de longe, ao nível de Neymar. É extremamente improvável que vista a camisa da seleção, diferentemente de Willian. E nunca jogou a Série A do Campeonato Brasileiro, como Fernandão.

No Brasil, defendeu o Santo André antes de se transferir, em 2010, para o Gil Vicente, de Portugal. Está desde 2012 no futebol do Azerbaijão, no Qarabag.

Não tem renome algum na sua terra natal. Sua realidade é a periferia da bola.

Mas tem sido uma realidade prazerosa para ele, com títulos (campeão nacional em 2013-2014 e 2014-2015 e da Copa do país em 2014-2015) e a recente fase goleadora.

Richard é um dos vice-artilheiros da fase de grupos da Liga Europa, com dois gols, um de pênalti, na derrota por 3 a 1 para o inglês Tottenham, e um com a bola rolando, o da vitória por 1 a 0 sobre o belga Anderlecht.

Na fase preliminar, quando o Qarabag eliminou Young Boys, da Suíça, Richard deixou sua marca em cada um dos confrontos (3 a 0 em Baku e 1 a 0 em Berna).

Quatro jogos, quatro gols, um gol em cada um deles.

Tentará nesta quinta (22), às 15 horas, no horário de Brasília, manter a sequência de gols no torneio. O rival é o Monaco, e o jogo será na França.

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