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Era Trump começa com vitória mexicana em solo americano

Luís Curro

Com a eleição de Donald Trump para a Casa Branca, as relações diplomáticas entre Estados Unidos e México prometem ser o foco de atenção durante os quatro anos do empresário (2017-2020) no comando da nação mais poderosa do mundo.

Muito pela xenofobia escancarada pelo republicano durante sua campanha. Ele não fez força para mostrar nenhuma simpatia por imigrantes, pelo contrário, em um recado mais que direto aos mexicanos, cuja população nos EUA é de cerca de 35 milhões (11% do total na terra do Tio Sam).

Uma das intenções do magnata é erguer um muro na fronteira entre EUA e México – em uma parte dela barreiras já existem –, e ainda quer que os mexicanos paguem as despesas dessa obra.

Como será o desenrolar dessa história, ainda é cedo para saber. Fato é que, mesmo antes da chegada de Trump, os americanos já haviam “construído” um outro tipo de muro para parar os mexicanos – uma muralha bastante sólida e duradoura, no futebol.

EUA e México disputaram, nos últimos 15 anos, quatro partidas por eliminatórias de Copa do Mundo com os norte-americanos como mandantes (2001, 2005, 2009 e 2013). Em todas elas, o estádio foi o mesmo, o Crew Stadium, em Columbus. Em todas elas, os EUA venceram. Em todas elas, por 2 a 0.

Aos mexicanos parecia impossível superar a defesa rival, um verdadeiro paredão.

Dois dias depois do triunfo de Trump, EUA e México tiveram, nesta sexta (11), seu primeiro embate futebolístico. Novamente em Columbus, Ohio, Estado em que Trump superou a democrata Hillary Clinton na eleição.

O histórico dava aos americanos, em ampla maioria nas arquibancadas (diferentemente do que ocorreu em duelo em 2015 na Califórnia), a crença de que o passado se repetiria no presente.

Só que não. O México mostrou superioridade na maior parte da partida e ganhou por 2 a 1. Saiu na frente (Layún), aos 20 minutos do 1º tempo, levou o empate (Wood), aos 4 minutos do 2º tempo, e triunfou perto do apito final, gol de Rafa Márquez, seu veterano capitão (37 anos), de cabeça, aos 44 minutos, após escanteio.

Silêncio quase geral entre os 24.650 torcedores.

Mexicanos festejam o gol da vitória sobre os EUA na partida em Columbus (Jay LaPrete - 11.nov.2016/Associated Press)
Mexicanos festejam o gol da vitória sobre os EUA na partida em Columbus (Jay LaPrete – 11.nov.2016/Associated Press)

Em campo, o muro imaginário dos EUA caiu. Os mexicanos, comandados pelo ex-treinador do São Paulo Juan Carlos Osorio, venceram e deram uma ótima largada no hexagonal decisivo das eliminatórias da Concacaf (Américas do Norte e Central e Caribe) para a Copa do Mundo de 2018.

Fora de campo, espera-se que Trump, que adotou discurso mais moderado depois de se tornar o 45º presidente dos EUA, repense – difícil, pois elegeu-se com a tônica do nacionalismo e do protecionismo, mas o que resta é acreditar.

Afinal, a “América”, como os norte-americanos se denominam, sempre foi conhecida, ao longo de seus 240 anos de existência como nação independente, como uma terra de liberdade e de oportunidade. Para todos, incluindo os forasteiros.

Um muro dividindo os EUA do México, percorrendo quatro Estados americanos (Califórnia, Arizona, Novo México e Texas), exterminará esses ideais.

Em tempo: Esperava-se um clima de animosidade no encontro das torcidas dos EUA e do México nessa partida. Felizmente, a expectativa não vingou. Em um exemplo de civilidade, americanos e mexicanos conviveram em paz tanto dentro quanto fora do Crew Stadium.

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