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Copa América já tem o seu jogador mais valioso, mesmo sem jogar

Luís Curro

Jozy Altidore é um dos melhores atacantes dos Estados Unidos na atualidade.

Devido a uma lesão muscular, no entanto, ele não pôde integrar a equipe de seu país na Copa América Centenário, realizada nos EUA. O torneio começou na sexta (3) e irá até o dia 26.

Mas, mesmo sem ele entrar em campo, elejo simbolicamente Altidore o MVP (jogador mais valioso) desta Copa América. A razão: ajudou a viabilizar a transmissão para o Haiti das partidas da seleção haitiana, uma das participantes da competição e que duela nesta quarta (8) com o atualmente desacreditado e desfalcado Brasil de Dunga. O jogo começa às 20h30 (de Brasília).

O Haiti, onde a instabilidade política reina, é o país mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo.

Entre os 188 países listados pela Organização das Nações Unidas em seu ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), publicado em dezembro de 2015, o Haiti aparece na 163ª colocação. A europeia Noruega está no topo, e o africano Níger, na rabeira. O Brasil é o 75º.

Atual jogador do Toronto FC, Altidore tem desde 2011, na Flórida (sul dos EUA), uma fundação sem fins lucrativos cuja principal missão é “ajudar as crianças em toda a América”. Para isso, recorre a atividades educacionais e de recreação, o futebol incluído.

O atacante dos EUA Altidore (centro) em sua apresentação ao Toronto, time que disputa a Major League Soccer (Chris Young - 16.jan.2015/Associated Press)
Altidore (centro) em sua apresentação ao Toronto, time que disputa a Major League Soccer (Chris Young – 16.jan.2015/Associated Press)

Porém ele foi além das crianças com a ideia do televisionamento de jogos da Copa América no Haiti, por intermédio da instalação de telões em parceira com outra fundação, a St. Luke. O custo da iniciativa e o número de telões, transportados dos EUA até a ilha caribenha onde fica o país, não foram divulgados.

“Quando o Haiti se qualificou (superando Trinidad Tobago por 1 a 0, em janeiro), eu pensei que seria algo bacana, sabendo o quanto o povo haitiano ama sua seleção, haver milhares de pessoas, que de outro jeito não poderiam ver os jogos, acompanhando o desempenho dos jogadores e do time”, declarou Altidore à revista americana “Sports Illustrated”.

O centroavante de 26 anos, 1,85 m e dono de grande força física lembrou que o Haiti não se classificava para um campeonato importante desde a Copa do Mundo de 1974. No Mundial na Alemanha Ocidental, vencido pelos donos da casa, os haitianos perderam as três partidas (3 a 1 da Itália, 7 a 0 da Polônia e 4 a 1 da Argentina).

Na estreia na Copa América, no sábado (4), contra o favorito Peru, o Haiti não fez feio.

Perdeu só de 1 a 0 (gol de peixinho do flamenguista Guerrero), sendo que, no último lance da partida, nos acréscimos do segundo tempo, por muito pouco não empatou em lance de bola parada. A cabeçada de Belfort raspou a trave.

Foi um resultado que certamente honrou os milhares de haitianos que puderam acompanhar, a centenas de quilômetros de distância, o jogo. Graças a Altidore.

Seleção do Haiti posa antes da partida contra o Peru, em Seattle (Jason Redmond - 4.jun.2016/AFP)
Seleção do Haiti posa antes da partida contra o Peru, em Seattle (Jason Redmond – 4.jun.2016/AFP)

Em tempo: São atitudes como a da Jozy Altidore que fazem o esporte ser ainda mais bonito do que já é. Todo jogador que obtém sucesso financeiro por meio de uma atividade esportiva deveria ter atitudes filantrópicas, que permitam a outras pessoas, especialmente as menos favorecidas, ter uma vida mais digna e com pitadas de alegria, como poder acompanhar a seleção de futebol de seu país pela TV e torcer por ela. Há vários atletas e ex-atletas que fazem isso, que erguem fundações para ajudar o próximo (entre os brasileiros, Neymar, Cafu e Raí são alguns exemplos). Eu apoio e incentivo. Só quem faz sabe o quanto é recompensador.

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