Ibrahimovic “aposenta” um país e deixará outro “órfão”
O confronto entre Dinamarca e Suécia pela repescagem das eliminatórias para a Eurocopa de 2016 era o mais aguardado, devido à rivalidade entre os países encandinavos.
Era difícil apontar um favorito. As duas seleções vinham em baixa, após maus resultados nas rodadas finais da fase de grupos as impedirem de obter a vaga direta para a competição que será realizada na França.
Após dois jogos bastante disputados, o primeiro em Solna, na Suécia, e o segundo em Copenhague, na Dinamarca, os suecos se classificaram. Ganharam em casa (2 a 1) e empataram fora (2 a 2) – este último duelo foi na terça (17).
Todo o time sueco festejou muito, e para um jogador a classificação teve sabor especial. O craque-artilheiro Zlatan Ibrahimovic, de 34 anos, que defende o Paris Saint-Germain, da França, onde não se cansa de fazer gols, poderá disputar mais uma grande competição antes de deixar de prestar serviços à seleção sueca.
Havia cinco partidas os suecos não ganhavam dos dinamarqueses (uma em 2007, duas em 2009, uma em 2011, uma em 2014) nem conseguiam vazar a sua defesa. Não só esse jejum foi interrompido como, dos quatro gols do time que veste amarelo nesses dois confrontos, três saíram dos pés do capitão do time (um de pênalti, um de falta, um após jogada ensaiada em escanteio).

Conhecido por seu egocentrismo (compete com Cristiano Ronaldo nesse quesito) e por suas declarações ácidas, Ibra não perdeu a oportunidade de soltar o verbo mais uma vez, dando um recado aos fãs do rival nórdico.
“Muita gente dizia que estou velho e fraco e havia quem pensasse que isto (o duelo Suécia x Dinamarca) me levaria à aposentadoria (da seleção). Não vi isso. Eu que mandei uma nação inteira para a aposentadoria”, disse o camisa 10 a uma TV sueca.
Uma comparação malfeita, exagerada? Talvez, mas nem tanto assim. Metaforicamente, coube ao momento.
Ibra quis dizer que prosseguiria firme vestindo a camisa de seu país, e que todo um país (a Dinamarca) estava alijado da disputa – “afastado”, “deixado de lado” de uma importante competição internacional.
Na realidade, ele ajudou a aposentar para valer dois dos derrotados: o treinador Morten Olsen, comandante da seleção danesa havia 15 anos, encerrou seu ciclo com a não classificação à Eurocopa, e o lateral direito Jacobsen, de 36 anos, também deixa a equipe – foram quase 90 jogos vestindo a camisa rubi.
Ibra, porém, que considerava “impensável” uma Euro sem a sua presença, deu a entender que o torneio será o seu derradeiro pela Suécia. “É o destino que me deu a chance de terminar no Campeonato Europeu.”
No futebol, como na vida, cada um sabe a hora de parar – até a do goleiro são-paulino Rogério Ceni está, enfim, chegando. Porém caberá nos próximos meses a discussão se Ibra não deve prorrogar seus serviços à pátria.
Disparado o maior artilheiro da seleção sueca, com 62 gols em 111 jogos (média de 0,56 por partida), não há um substituto à sua altura, e é difícil imaginar que haverá tão logo.
Juntos, todos os outros quatro atacantes chamados pelo treinador Erik Hamrén para as partidas contra a Dinamarca somam 85 jogos e 18 gols (média de 0,21 por jogo).
Um deles, Emir Kujovic, nascido em Montenegro, não entrou em campo pela Suécia uma vez sequer – já está com 27 anos.
E na nova geração, que teve o mérito de obter a vaga para a Olimpíada do Rio-2016, não há um novo superatacante à vista.
Se a Dinamarca, segundo Ibra, está “aposentada”, muito em breve a Suécia deverá estar “órfã” – e justamente dele.
Em tempo: Além da Suécia, classificaram-se na repescagem para a Eurocopa, que começa em 10 de junho de 2016, Hungria, Irlanda e Ucrânia. O sorteio dos grupos será no próximo dia 12 de dezembro.