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“Hola, River. Estamos llegando”

Luís Curro

Quinta-feira, 1º de outubro de 2015. Cidade: Chapecó, em Santa Catarina. Local: Arena Condá. Horário: 23 horas e alguns minutos.

O atacante Tiago Luis põe a bola na marca do pênalti, se concentra, respira fundo, corre e bate firme, no canto, sem chance para o goleiro uruguaio Muñoz, do Libertad, o atual campeão paraguaio.

Chapecoense 5 a 3 nos pênaltis, após um 1 a 1 no tempo regulamentar. A Chape, na primeira competição internacional de sua história de 42 anos, classificava-se heroicamente para as quartas de final da Copa Sul-Americana.

O time comandado por Guto Ferreira, além de ser considerado o azarão no confronto, atuou com um jogador a menos desde o começo do segundo tempo, quando o volante Wanderson foi expulso.

Teve força, brio, raça. A torcida, conforme frisou Guto depois da partida, jogou junto, não deixou de apoiar a equipe, que está na zona de rebaixamento do Brasileiro, em nenhum momento.

Sites esportivos nacionais estamparam que a Chape fez história. Sim, é um feito inédito para o clube, mas o “fazer história mesmo” ainda está por vir. O próximo rival na competição, cujo campeão assegura vaga na Libertadores-2016, será um gigante das Américas.

Nada mais, nada menos que o River Plate, da Argentina, atual campeão da Libertadores e da Sul-Americana.

“Hola, River Plate. Estamos llegando”, escreveu em rede social o clube catarinense, após a classificação, anunciando-se para o rival.

Chapecoense

A Chape estará chegando à Argentina muito em breve.

O primeiro duelo será no próximo dia 21, em Buenos Aires, no Monumental de Núñez, que pode abrigar 65 mil torcedores; o jogo decisivo será no dia 28, na mesma Arena Condá (que tem 1/3 da capacidade do Monumental).

Ao se classificar, a Chape, mais que enlouquecer os torcedores no estádio (o público foi de 9.350), virou motivo ainda maior de orgulho da cidade do oeste catarinense, que tem cerca de 205 mil habitantes e é tida como “a capital brasileira da agroindústria”.

E também virou um dos assuntos mais comentados no Twitter. Houve inúmeras mensagens, entre elas:

“Boa sorte contra o River. Não será fácil, mas não é impossível”;

“Em 2009, a Chapecoense estava na Série D. Seis anos depois, vai enfrentar o River Plate nas quartas de final da Sul-Americana. Gigante!”;

“O confronto contra a Chapecoense será o melhor teste pro River antes do Barcelona” (os times podem duelar no fim deste ano no Mundial de Clubes);

“Chapecoense é o maior verdão do Brasil” (tem Chapecoense x Palmeiras neste domingo, dia 4);

“Chapecoense x River numa Sul-Americana, eu vou viver pra ver isso”;

“River, eu sei que você treme”.

Teve até quem lembrou o que aconteceu quando a Chape “enfrentou pela última vez um time vestindo vermelho e branco” (as cores do River): 5 a 0 no Internacional, em outubro de 2014.

O futebol tem disso (as surpresas), e o confronto entre Chapecoense e River tem tudo para ser mesmo histórico…

Lembrando que, se a Chapecoense fizer o improvável, será o primeiro time de Santa Catarina em uma semifinal de Sul-Americana. O Avaí disputou as quartas de final em 2010 – caiu ante o Goiás depois de, nas oitavas, passar pelo Emelec, do Equador.

O River é megafavorito, mas… deixo apenas uma lembrança de como o futebol pode ser imponderável: em 2003, pela Libertadores, o paraense Paysandu foi à mítica Bombonera, também na Argentina, e saiu de lá com vitória por 1 a 0 diante do Boca Juniors de Tevez.

Será a vez da Chape?

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