Torcedor do Liverpool faz vaquinha para derrubar o técnico do time
A paciência dos torcedores do Liverpool anda curta com o time, em especial com o treinador Brendan Rodgers.
E a de um torcedor já acabou. Tanto que ele decidiu tentar angariar dinheiro suficiente para tirar Rodgers do comando da equipe.
A multa rescisória do técnico seria de 7 milhões de libras (ou quase 10 milhões de euros ou R$ 42,5 milhões). E esse torcedor, Michael Gavin, partiu atrás da quantia que viabilizaria o rompimento do contrato.
Para isso, iniciou uma campanha em um site de arrecadação de fundos para fins particulares. E apelou às pessoas que doassem para sua causa.
“Já deu para Brendan Rodgers. Não é mais possível suportar esse futebol entediante, as contratações horrorosas e os cansativos clichês usados semana após semana. Basta.”
“Sabe-se que é preciso 10 milhões de euros para demiti-lo, então esta página foi criada para mostrar ao FSG que os fãs do Liverpool estão tão desesperados para se livrar dele que aceitam pagar para que ele saia.”
Para quem não sabe, o FSG (Fenway Sports Group) é o dono do Liverpool desde 2010.
Passado um dia do início da campanha de Gavin, 22 pessoas tinham feito doações, e o valor chegou a 400 euros.
Mas por que tanta aversão a Rodgers? Basicamente, falta resultado, faltam títulos. Em três anos no clube, zero conquista.
O torcedor do Liverpool, que conta com os brasileiros Lucas Leiva, Philippe Coutinho e Roberto Firmino (os dois últimos convocados para a seleção brasileira), está desesperadamente precisando comemorar – mais que isso, se satisfazer.
Afinal, a tradicional equipe da terra dos Beatles, maior vencedora entre os clubes ingleses na Champions League, com cinco taças, tem decepcionado seus fãs ano após ano.
O último título do clube foi o da Copa da Liga Inglesa, em 2012, sob o comando do escocês Kenny Dalglish, uma lenda no clube. Nem faz tanto tempo, mas no Reino Unido essa é apenas a terceira competição em importância, atrás do Campeonato Inglês (Premier League) e da Copa da Inglaterra. É pouco para a fanática e exigente torcida dos Reds.
O troféu do Campeonato Inglês, considerado o filé mignon, o Liverpool não ergue desde o distante 1990, com Ian Rush e John Barnes no ataque e com Dalglish ainda no elenco da equipe.
De lá para cá, o Manchester United foi campeão 13 vezes, o Chelsea, 4, o Arsenal, 3, o Manchester City, 2. Até Blackburn e Leeds United, uma vez cada um, se consagraram.
Com o início claudicante na atual temporada, a torcida se enfureceu de vez com Rodgers. O Liverpool ganhou as duas primeiras partidas no Inglês, empatou a terceira e perdeu as últimas duas. Ocupa a pouco honrosa décima posição, com 7 pontos. O Mancheter City lidera com 15 (100% de aproveitamento).
Exagero dos torcedores? Afinal, uma das derrotas e o empate foram em clássicos (Manchester United e Arsenal, respectivamente). O problema é que a insatisfação com Rodgers não vem de hoje.
Depois de fazer um excelente trabalho no pequeno Swansea, conduzindo o time do País de Gales à Premier League em 2011 , Rodgers ganhou a chance de sua vida ao ser contratado pelo Liverpool, no meio de 2012.
Na primeira temporada, terminou o Inglês na sétima colocação – o Liverpool tinha sido oitavo na anterior. Uma melhora pífia. Pior: o arquirrival Everton acabou em sexto, ou seja, mais bem colocado. Ironia: o Swansea, ex-time de Rodgers, ganhou um título, o da Copa da Liga Inglesa.
Na segunda temporada, o Liverpool chegou muito perto do título da Premier League. Na reta final, dependia apenas de si. Porém tropeçou em casa, ao perder do Chelsea, e fora, ao empatar com o Crystal Palace, e permitiu a ultrapassagem do Manchester City. O vice-campeonato rendeu ao menos uma vaga na Champions League.
Na terceira temporada, a de 2014-2015, nada deu certo. O Liverpool caiu na Champions na fase de grupos. Na Liga Europa, segundo interclubes em importância no velho continente, para onde vão alguns dos eliminados na Champions, o time não durou um mata-mata. No Inglês, apenas o sexto lugar, com direito a, na rodada final, uma humilhante derrota por 6 a 1 para o Stoke City.
São três anos de insatisfação.

Claro que o torcedor não conseguirá os 10 milhões de euros necessários para tentar derrubar Rodgers. Aliás, mesmo que conseguisse, precisaria que os dirigentes dos Reds estivessem de acordo.
Mas é interessante saber que ideias pouco ortodoxas podem surgir na cabeça das pessoas em um cenário de insistente desgosto.
O gesto de Gavin vale pelo simbolismo.
Em tempo: Na estreia na Liga Europa, nesta quinta (17), o Liverpool ficou no 1 a 1 com o Bordeaux, na França, e a fraca atuação da equipe gerou uma onda de protestos de torcedores nas redes sociais contra Brendan Rodgers. Será difícil ele suportar a pressão. Há rumores de que o alemão Jürgen Klopp, ex-Borussia Dortmund, o substituirá.