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De volta à seleção, Kaká precisa de um pequeno milagre

Luís Curro

Dunga fez nesta quinta (13) a convocação da seleção brasileira para os dois últimos amistosos antes do início das eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia.

Houve várias mudanças em relação aos selecionados para a Copa América do Chile, competição em que o Brasil fracassou.

Uma das novidades foi a volta do meia-atacante Kaká, 33 anos, que surgiu para o mundo do futebol no início dos anos 2000 no São Paulo, foi para o Milan, onde brilhou intensamente entre a metade e o final da década passada, conquistando uma vez o prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa – em 2007, superou Messi e Cristiano Ronaldo.

Na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, com o mesmo Dunga no comando da seleção, Kaká era uma das maiores esperanças do Brasil para a conquista do hexa. Mas ele jogou abaixo do esperado, estava meio “baleado”. Não foi decisivo, tinha de ter sido. Era aquele o momento!

Um ano antes da Copa, ocorrera a transferência milionária para o Real Madrid, onde, projetava-se, Kaká seria um dos protagonistas. Mas ele não foi bem. À mesma época o gigante espanhol contratou Cristiano Ronaldo.

Os minutos em campo de Kaká foram diminuindo, e ele amargou a reserva por um bom tempo. Dava sinais de declínio. Logicamente não estava feliz, mas, como bom profissional que sempre mostrou ser, aceitou a situação.

Esperava a chance de uma volta por cima.

No Real, ela não ocorreu. Quando voltou para o Milan, em 2013, Kaká já parecia muito distante daquele craque que foi na primeira passagem pelo clube italiano: as arrancadas em direção ao gol, o vigor físico com que suplantava os rivais no mano a mano, o chute preciso da entrada da área, colocado, no canto do goleiro, após cortar um adversário. Tudo isso minguou.

Havia jogos em que pouco se movimentava. Situava-se do lado esquerdo do campo, sem o ímpeto de outrora, lembrando Ronaldinho Gaúcho após o auge.

A volta por cima no clube que tanto lhe deu alegria, e a quem tanto deu alegria, também não ocorreu. Ficou fora da convocação para a Copa de 2014.

Dunga disse, ao justificar a convocação de Kaká, que ele é uma “referência” para os demais jogadores, que tem “experiência” e “maturidade” para passar aos companheiros dentro e fora de campo. O treinador afirmou que Robinho, preterido agora, cumpriu esse papel na Copa América. Ué, será que o treinador fará um rodízio de antigos expoentes em suas convocações?

Referência Kaká deveria ter sido na Copa de 2010. Não foi. Será agora?

Improvável. A referência da seleção, já faz alguns anos, é Neymar. Que precisa, sim, de alguém que tire dele a atenção dos rivais ao menos por alguns minutos nas partidas. Na Copa de 2014 não tinha ninguém assim. Eram Neymar e mais 10.

Eu até gostaria que esse jogador fosse Kaká. Ele certamente também gostaria. É uma pessoa de fé e, após a convocação, escreveu nas redes sociais: “Nunca desista dos seus sonhos, trabalhe forte e tenha fé em Deus”. Sim, cada um deve pensar assim. Kaká não revela, mas um de seus maiores sonhos pode ser disputar a Copa de 2018 e ser campeão. Com 36 anos.

Será, porém, um pequeno milagre se Kaká, hoje no futebol norte-americano após breve passagem pelo São Paulo, se firmar na seleção. Tem até jogado bem, mas é o futebol dos EUA, para onde muitos jogadores consagrados, já veteranos, costumam ir apenas para ganhar mais uns milhares de dólares, entreter os torcedores e encerrar a carreira por cima.

É difícil lutar contra o avanço da idade no futebol, o corpo e a mente não respondem tão bem como antes, os reflexos diminuem, o cansaço chega mais rápido. Só a cobrança não diminui.

De toda forma, boa sorte, Kaká. Torço por você, como a maioria dos brasileiros certamente torce. Torço pela volta por cima.

Que esse pequeno milagre aconteça.

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